domingo, 29 de agosto de 2010

Materia do 3º ano - Facismo e Nazismo



Movimento político italiano fundado em Milão a 23 de março de 1919 por Benito Mussolini, que nele se apoiou para conquistar o poder e impôr à Itália um regime ditatorial de 1922 a 1945. Seu nome deriva de fascio, que era uma "insígnia e instrumento de punição dos litores romanos, composto de um feixe de varas e um machado. Como o feixe de varas, que representava a força, os culpados eram açoitados. Com o machado, símbolo da justiça, decapitavam-se os culpados." [1]

A Itália saiu da Primeira Guerra Mundial ferida, com o sentimento de ter sido ludibriada pelos Aliados, aos quais recriminava por não haverem satisfeito suas reivindicações territoriais em Fiúme e na Dalmácia. O orgulho nacional era alimentando por um sentimento de desforra. Por outro lado, o país era teatro de uma crise econômica e financeira: os preços subiam (o índice do custo de vida passou de 100 em 1914 a 300 em 1919 e a 400 em 1920), o orçamento apresentava um déficit crônico, o abastecimento era difícil, a reconversão suscitava problemas e a indústria revelava suas fraquezas. No Sul, a questão agrária mantinha-se; o mito da terra para os camponeses servia de pretexto para tentativas de ocupação dos domínios. Ocorria também uma crise social: a emigração para os E.U.A. havia-se tornado mais difícil e o superpovoamento se agravava. O desemprego e o aumento do custo de vida pauperizavam os trabalhadores rurais e os operários: 80% da população se proletarizaram.

Nesse clima geral de rancor, miséria e inquietação, o fascismo desenvolveu-se, afirmando-se desde o início "reacionário, antiparlamentar, antidemocrático, antiliberal e anti-socialista". Aos patriotas e aso ex-combatentes decepcionados com os resultados da guerra, oferecia uma doutrina nacionalisa e belicosa; às inquietações provocadas pelo perigo vermelho, opunha um desejo feroz de combater as Internacionais socialistas; diante de um poder fraco e sem autoridade, defendia a concepção do Estado totalitário: Tudo está no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado. Sua fórmula era: acreditar, obedecer, combater. Sua verdadeira doutrina era a ação: "O fascismo não foi alimentado desde o início por uma doutrina previamente elaborada nas mesas de trabalho, nasceu de uma necessidade de ação e consistiu na ação; não foi um partido: ao contrário, nos dois primeiros anos, foi um antipartido e um movimento; o nome que dei ao movimento traduzia seu caráter", dizia Mussolini. O caráter ambíguo da doutrina fascista explica o fato de entre seus numerosos adeptos encontrem-se republicanos, nacionalistas, ex-combatentes, descontentes, arrivistas, aventureiros e idealistas. O movimento recebeu também o apoio da grande indústria, que buscava uma reação de direita para conter o ímpeto revolucionário dos socialistas. Fora das cidadaes, o fascismo encontrou ampla aprovação entre os pequenos proprietários rurais. O fascismo, portanto, não foi o movimento de uma classe ou de uma categoria social ou profissional; exprimiu interesses diversos, e até divergentes, num amálgama de aspirações que buscavam uma mudança rápida sem se opor à "maneira forte" de consegui-la.

Um dos esteios do regime fascista foi a pequena burguesia: "(...) na altura em que se reuniu o Congresso de Roma, em 1921, dos 150 mil inscritos que formam os quadros do Partido Fascista, encontramos 18 mil proprietários de terras, 14 mil comerciantes, 4 mil industriais, 10 mil membros de profissões liberais, 22 mil empregados (dos quais 1/3 são funcionários) e cerca de 20 mil estudantes, ou seja, perto de 90 mil membros não-operários. O resto são trabalhadores agrícolas (37 mil) e 24 mil trabalhadores urbanos, na maioria desempregados e funcionários públicos. Em 1930, a proporção não variava, e dos 308 chefes fascistas italianos, 254 provinham da pequena burguesia." [2]

Em novembro de 1921, o movimento - que se havia tornado um partido - manifestou claramente seu desejo de conquistar o poder. Os estadistas liberais, ainda no poder, eram inconscientes; as cumplicidades que o movimento encontrou no país multiplicaram-se; por isso mesmo, a marcha sobre Roma que Mussolini organizou a 22 de outubro de 1922 mais parecia uma parada militar do que uma revolução: a 30 de outubro, Vitor Emanuel III convocou Mussolini a Roma para lhe confiar a tarefa de formar o novo governo.

De 1922 a janeiro de 1925, ao menos aparentemente, não se constatou nenhuma mudança substancial no seio do Estado: a vida parlamentar continuou. Mussolini investido de plenos poderes pela Assembléia, criou o Grande Conselho fascista, que realizou a simbiose partido único-Estado totalitário; uma nova lei eleitoral permitiu-lhe, conseguir, nas eleições de abril de 1924, 64,9% dos votos e 406 cadeiras no Parlamento. O deputado Giacomo Matteotti, líder do partido socialista, denunciava sistematicamente, da tribuna do Parlamento, as violências e arbitrariedades cometidos pelos "camisas negras" e acobertadas ou estimuladas por Mussolini (30 de março de 1924); exatos dois meses seguintes foi seqüestrado às margens do rio Tibre por cinco indivíduos, que o assassinaram. Seu corpo só foi encontrado dois meses mais tarde, no interior da Itália. Os criminosos forma julgados em 1947 (dois morreram nesse meio-tempo) e condenados a trinta anos de prisão. O fato provocou a indignação na opinião pública e deu novas forças à oposição. Mas o rei apoiou Mussolini e o fascismo superou a crise.

A 3 de janeiro de 1925, Mussolini anunicou o estabelecimento de um regime totalitário. Uma série de leis e de disposições arbitrárias pouco a pouco transformaram Mussolini em "Duce": os adversários forma presos, deportados para as ilhas Lipari ou forçados ao exílio, os partidos forma dissolvidos; um tribunal foi instituído para julgar os delitos políticos; a milícia, exército do partido, foi reforçada (enfrentou a oposição do exército regular); uma polícia secreta, a O.V.R.A., foi criada.

Mussolini dispunha então dos meios que lhe permitiram organizar o país segundo as normas fascistas. O enquadramento de toda a população foi preparado. Todos os italianos eram arregimentados desde os seis anos de idade. Os professores prestaram juramento ao regime, davam aulas em uniforme fascista, comentavam em classe os discursos do Duce. A história foi revista para exaltar a grandeza de Roma e a nova grandeza do Estado fascista. De um modo geral, através do rádio, da imprensa, do cinema, toda a população foi condicionada; uma encenação constante engarregava-se de criar permanentemente uma atmosfera de grandeza para a glória do regime. O partido era a fonte de recrutamento dos funcionários, e, era o Grande Conselho fascista que escolhia os deputados. Todos quadros admnistrativos do Estado eram colocados sob a direção desses dois órgãos, que se achavam representados em todos escalões.

As realizações do regime fascista não foram desprezíveis. A "batalha do trigo" permitiu que a produção passasse de 50 milhões em 1925 a mais de 80 milhões em 1933. 1,5 milhões de hectares de terras foram beneficiados. Mais de mil centrais hidroelétricas foram construídas de 1922 a 1939. A produção de aço foi triplicada entre 1922 a 1939, e a do alumínio foi multiplicada por dez. Uma política de grandes obras foi posta em marcha a fim de assegurar a glória do regime, distribuindo salários (secamento dos pântanos Pontinos, construção de auto-estradas e de estádios). Mussolini empreendeu também uma campanha a fim de elevar a população a acerca de 70 milhões de habitantes em 1960: a emigração foi severamente limitada. Mas essa política fracassou, assim como fracassou, no conjunto, a política econômica.

Nesta área, sucederam-se várias etapas: após um livre-cambismo e, a seguir, um liberalismo (desnacionalizações), em 1925, bruscamente, instalou-se a planificação, acompanhada de um protecionismo severo e de certa austeridade. Em 1930, os salários italianos eram os mais baixos da Europa. A prosperidade industrial era fictícia, o desemprego aumentava. O governo foi obrigado a recorrer a novos impostos e a empréstimos compulsórios, que empobreciam ainda mais as classes menos favorecidas.

Mussolini combateu os conflitos de classes sociais instituindo corporações que deveriam aumentar a produção e aproximar os homens uns dos outros: tal instituição, porém, permaneceu artificial. Ainda com o intuito de pôr fim às divisões internas, Mussolini assinou com o papa os acordos de Latrãs (1929); a hostilidade entre a Igreja e poder civil, ressurgiria porém, logo após.

Em 1936 situa-se o apogeu do fascismo: a proclamação do Império, após a agressão contra a Etiópia, o fracasso da Liga das Nações, incapaz de pronunciar sanções eficazes contra a Itália, a falta de firmeza da França e da Inglaterra para apoiar a Etiópia, a aproximação com a Alemanha nazista e a intervenção na guerra da Espanha, tudo isso parecia consagrar a vitalidade do regime.

Ainda que sua popularidade tivesse diminuído bastante, sobretudo no seio da alta burguesia, o fascismo mantinha-se extremamente poderoso e praticamente invulnerável, pois se apoiava num aparelho policial eficaz.
texto retirado de: http://www.estudodofascismo.hpg.com.br/igreja.html



FASCISMO E A IGREJA



Em 1929, Benito Mussolini e Pio XI assinaram o Tratado de Latrão, no qual se reconhecia a soberania do Estado do Vaticano. Este tratado, porém, não impele a católicos a acolherem a doutrina fascista, pois alguns incautos não sabem, mas a doutrina fascista é incompatível com o catolicismo, com a sua doutrina social, na qual se encontra o princípio da subsidiariedade. Segundo este princípio, "uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum". Portanto, como o regime fascista é caracterizado por uma intervenção muito acentuada do Estado que ameaça a liberdade e a iniciativa pessoais, um regime que pretende controlar todas as ações e relações sociais, como todo regime totalitário é incompatível com este princípio. Não apenas fere este princípio, como também confere ao estado um culto exagerado, a "estalolatria". Outrossim, encontra-se no Programa dos Fasci uma negação a estruturas dogmáticas. Desta forma, o verdadeiro católico não pode ser fascista.
Texto retirado de: http://www.estudodofascismo.hpg.com.br/igreja.html

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