quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Guerra Fria

A Bipolarização e a Guerra Fria

O Mundo Pós Segunda Guerra

O mundo depois da Segunda Guerra "Mundial" é muito diferente daquele que existia antes da guerra nos anos 30. Caem as potências européias, sobem as Superpotências, Estados Unidos e União Soviética. A polarização ideológica entre o Socialismo soviético e o Capitalismo americano é a principal marca do pós-guerra. O planeta começa a se dividir em áreas de influência. O primeiro fato político importante do pós-guerra foi à criação da Organização das Nações Unidas, a ONU. "A origem da Organização das Nações Unidas está ligada ao trauma provocado pela Segunda Guerra Mundial que matou mais de 17 milhões de pessoas. Em 1945, 52 países assinaram a Carta das Nações Unidas com a intenção de preservar a paz recém conquistada. Entre estes países estavam o Brasil. A primeira assembléia geral da ONU aconteceu em Londres no ano seguinte e foi precedida pelo ministro das relações exteriores do Brasil, Osvaldo Aranha, daí surgiu à tradição de o Brasil abrir todos os anos a Assembléia Geral das Nações Unidas".

O estabelecimento do Estado de Israel foi uma das primeiras conseqüências diretas importante da fundação da ONU. "Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a retirada dos turcos derrotados pelos Aliados, a Palestina fica sob o domínio da Grã-Bretanha. Os ingleses lançam a declaração de "Balfare" em 1917, é o primeiro apoio político para a criação de uma nação judaica na Palestina sob a condição de serem respeitados as condições dos povos que já viviam na região. Durante a ocupação britânica aumenta a imigração de colonos judeus para a Palestina. Eles fugiam da perseguição do regime nazista que começava a crescer na Alemanha. Os ingleses tentam limitar a colonização judaica por 5 anos. A decisão provoca forte resistência por parte dos judeus. Nesta época cresce o movimento Sionista, surgido na Europa no final do século XIX. Os Sionistas pregavam a criação de um país livre e sem perseguições aos judeus. Com o fim da Segunda Guerra Mundial o Sionismo começa a ganhar apoio internacional para a criação de um Estado Judeu: Israel."
O projeto de paz entre as nações arquitetado em torno da ONU começa a encontrar seus limites diante o processo de reconstrução e redefinição das estruturas sociais no pós-guerra, os Estados Unidos lançando o Plano Marshall e apoiando a reconstrução do Oeste da Europa e a União Soviética criando o Comecom, integrando política e economicamente a outra parte da Europa, começa a Partilha do Mundo.

"Dois anos depois da guerra, a Europa de vencedores e perdedores era um campo de ruínas e assustada pela expansão do socialismo comandado por Stálin, de Moscou. Alarmados os americanos injetaram na economia européia o equivalente hoje (1997) a 80 bilhões de dólares, eram créditos, financiamentos e ajuda direta em remédios e alimentos. Depressa a Europa Ocidental começou a se recuperar."
A partir do pós-guerra as relações entre Estados Unidos e União Soviética vão se tornando mais e mais tensas. As disputas pelas áreas de influências mais e mais perigosas, começam o período que ficou conhecido como Guerra Fria. A guerra é dita fria porque as duas Superpotências jamais se enfrentam diretamente. O que há são conflitos regionais localizados nos quais grupos locais em oposição recebem apoio americano ou soviético. Todo o tempo ao longo de 4 décadas o mundo vive a tensão de que um desses conflitos se generalize e leve a guerra nuclear entre Estados Unidos e União Soviética.
Começam as alfinetadas entre as Superpotências. Henry Trumam, presidente americano, garante apoio aos países que quiserem resistir a dominação, numa referência à expansão soviética no Leste da Europa e no Extremo Oriente. Essa tomada de posição ficou conhecida como Doutrina Trumam. Dois eventos marcam o início da Guerra-Fria: o apoio militar americano ao governo grego contra a guerrilha socialista e a imposição de um cerco soviético a cidade de Berlim. A Alemanha se desmembra em duas, cada uma sob a asa de uma das Superpotências. A República Federal Alemã, a parcela Ocidental, torna-se área de influência americana, enquanto a porção Oriental, a República Democrática Alemã, joga no time soviético. Um ano depois do cerco de Berlim surgem as organizações militares internacionais que formalizam a Guerra Fria. De um lado a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, criada por iniciativa americana agrupando seus aliados, do outro os países participantes do Pacto de Varsóvia, alinhados com os soviéticos.

É nesse quadro de tensão e ânimos exaltados que acontece a Guerra da Coréia, o primeiro conflito importante depois da Segunda Guerra "Mundial". Assim como a da Coréia várias outras guerras pontuais ocorreram, em todas elas as disputas locais têm como plano de fundo a rivalidade entre os dois blocos, o americano representando a economia de mercado e o soviético representando a economia de estado socialista. Dois exemplos disso foram à Guerra do Vietnã e o episódio dos mísseis soviéticos em Cuba, dois momentos em que a Guerra Fria ficou bem quente.

A Guerra Fria era um conflito de ideologias, por isso não era travada apenas nos campos de batalha. Tudo, das pesquisas cientificas as competições esportivas podia ser usado para que um lado se mostrasse superior ao outro. A Corrida Espacial que se inicia nos anos 50 é um exemplo dessa queda de braço entre as Potências. "1957, a União Soviética lança o primeiro satélite artificial ao espaço... o Sputinink é um sucesso e o primeiro susto dos americanos. A seguir duas frases de pessoas norte americanas na época: - "Definitivamente alarmante"; - "Nós temos medo por que eles têm uma coisa que ninguém conhece."E tinham mesmo. Tanto que meses depois os russos voltaram a surpreender e colocaram no espaço mais do que aço, fios e combustível. Pela primeira vez, o homem colocou no espaço um ser que respirava e cujo coração pulsava, a cachorra Laika".
Até o pacífico o jogo de xadrez virou campo de batalha quando um americano, Bob Fisher, se tornou campeão mundial. Foi durante os anos da Guerra Fria que surgiu a noção de Terceiro Mundo, "grupo de nações subdesenvolvidas que defendia a autonomia em relação aos conflitos entre soviéticos e americanos". O Terceiro Mundo se apresentava como uma alternativa as Superpotências.

Francisco Carlos da Silva – História/UFRJ: "Nós temos aqui dois blocos distintos de países do Terceiro Mundo agindo na Guerra Fria. O primeiro bloco, o mais importante, surge logo depois da Segunda Guerra Mundial e é quando no cenário mundial se percebe que o holocausto nuclear é possível. Nesse sentido alguns países de regime sociais e regimes políticos variados, como a Iugoslávia de Tito, a Indonésia de Sucarno, o Egito de Kamaua Apitel Nassr, e a Índia, se unem para criar um grupo de países que inicialmente se denominam de não-alinhados para evitar ser ou moeda de troca no jogo entre a União Soviética e os Estados Unidos ou mesmo até evitar o holocausto nuclear, mediando o conflito. Num outro grupo, ao contrário, países recém descolonizados caíram quase que imediatamente nas mãos de regimes neocoloniais, como é o caso, por exemplo, do Zaire, Congo, que depois da independência que tem um regime progressista e cai sob a ditadura de Josef Mobuto e vira um país cliente da França. Ogana que depois vira um país cliente dos Estados Unidos. Então esses países passaram ao lado dos países latino-americanos a formarem uma clientela e votar sistematicamente com as potências ocidentais".

A Guerra Fria só termina nos anos 80 quando a economia soviética entra em colapso. Os imensos gastos com a corrida armamentista são apontados como uma das causas dessa derrocada do regime socialista.

Francisco Carlos da Silva – História/UFRJ: "Dois elementos são fundamentais para quebrar o equilíbrio de forças: a bomba de nêutrons, que os russos não tinham a tecnologia suficiente, uma bomba que conseguia eliminar pessoas e manter bens materiais intactos e principalmente a Guerra nas Estrelas, esse projeto mirabolante de se criar um escudo reflexivo colocado no espaço, no qual raios lasers atingiram mísseis em pleno voou num possível ataque aos Estados Unidos. Na verdade, os americanos jogam criando uma fenda dentro do regime russo, - ou vocês nos acompanham na nova Corrida Armamentista, dessa Segunda Guerra Fria, ou então vocês vão ser superados! Os russos não conseguem acompanhar, o resultado é que eles têm que fazer um sistema de abertura e na abertura como não há mais a oferta de bem estar como estava sendo feito o regime começa a ruir. Na verdade a União Soviética, ela perde a Segunda Guerra Fria.
"Na madrugada fria de Berlim, setor socialista, um guindaste arranca o primeiro pedaço do muro depois de 28 anos. O momento é tão importante que até o operador do guindaste entendeu o valor de distribuir pedaços do muro.

Você viu que a Guerra Fria foi o longo período de tensão entre Estados Unidos e União Soviética que repercutiu em todo o mundo. E que foi o fato político internacional de maior importância da segunda metade do século XX.

Terceiro Mundo: Conjunto de países de economia capitalista subdesenvolvidos que não se alinharam aos blocos da Guerra Fria.
Livros:
· Terceiro Mundo, conceito e história de Túlio Vigevante.

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sábado, 14 de maio de 2011

Apesar de condenado, criminoso nazista sai livre de tribunal na Alemanha

Alemanha | 12.05.2011


John Demjanjuk era guarda voluntário do campo de Sobibor, na Polônia. Ex-prisioneiro de guerra dos nazistas, Demjanjuk foi condenado pelo genocídio de 28 mil judeus, mas não ficará preso devido à idade.

Sessenta e seis anos depois do fim da Segunda Guerra, o Tribunal de Munique julgou talvez o último criminoso de guerra nazista. Nesta quinta-feira (12/05), John Demjanjuk foi condenado a cinco anos de prisão por ter participado ativamente do genocídio de pelo menos 28 mil judeus.
Aos 91 anos, Demjanjuk ouviu o veredicto sentado em sua cadeira de rodas. Ao fim da sessão, no entanto, o réu deixou o tribunal como um homem livre. O juiz Ralph Alt suspendeu a execução da pena. Além da idade avançada, o juiz levou em consideração os dois anos anteriores ao julgamento, em que Demjanjuk esteve preso.
O julgamento se arrasta desde 2009, ano em que o réu foi deportado dos Estados Unidos, a pedido da Alemanha. A Promotoria Pública havia pedido seis anos de condenação, mas outros promotores esperavam obter até 15 anos de pena.
Guarda voluntário
Segundo a Justiça alemã, o condenado trabalhou como guarda voluntário no campo de concentração de Sobibor, na Polônia, entre março e setembro de 1943. No local, todos os auxiliares das forças nazistas participavam da rotina de extermínio no campo de concentração, argumentou o juiz à frente do caso, Ralph Alt. Os voluntários recebiam os judeus que chegavam ao campo de concentração, faziam a vigilância e os conduziam à câmara de gás.
Ralph também mencionou que os voluntários tratavam de seguir todas as recomendações feitas pelos homens da SS nazista. Sem esses auxiliares, a execução de judeus seria irrealizável, afirmou o juiz. Em Sobibor, para cada 20 guardas nazistas da SS, existiam 150 voluntários.
Ulrisch Busch, advogado de Demjanjuk, alegou por sua vez a inocência do réu, afirmando que não era possível "constatar a culpa individual com base nos documentos existentes". Segundo Busch, o acusado, um ex-soldado soviético, não foi guarda voluntariamente. Como prisioneiro de guerra dos nazistas, ele assumiu a função para salvar sua própria vida, afirmou o advogado.
Histórico de guerra
Memorial no campo de Sobibor, na PolôniaBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Memorial no campo de Sobibor, na PolôniaNascido em Kiev, na Ucrânia, John Demjanuk passou a servir o então Exército soviético em 1941 e, no ano seguinte, foi capturado como prisioneiro de guerra pelos alemães. Nessa condição, o ucraniano teria trabalhado como guarda em Sobibor, na Polônia, onde cerca de 250 mil judeus foram executados.
Com o fim da Segunda Guerra, Demjanjuk mudou-se para os Estados Unidos no início dos anos 1950. Ele foi naturalizado norte-americano em 1958 e exerceu nos EUA a profissão de engenheiro mecânico.
Ele perdeu a cidadania em 1981, quando foi extraditado para Israel por ter sido confundido com outro guarda que atuava em Treblinka, conhecido como Ivan, o Terrível. No país chegou a ser condenado à pena de morte, mas foi absolvido depois que ficou provado o equívoco.
Em 1993, Demjanjuk retornou aos Estados Unidos, mas teve problemas com a Justiça norte-americana, perdendo novamente sua cidadania. Ele foi acusado de ter trabalhado como guarda nazista em três campos de concentração e de ter escondido o fato às autoridades dos EUA. Somente em 2005, Demjanjuk recebeu a ordem de deportação.
Em território alemão
A Justiça alemã conseguiu formalizar um processo contra Jonh Demjanjuk em 2009, apesar das tentativas do acusado de lutar contra a deportação, sob o argumento de que isso teria ocorrido ilegalmente.
Demjanjuk negou qualquer participação no Holocausto e, durante o julgamento, ameaçou fazer greve de fome, caso a Justiça não o autorizasse a apresentar documentos da polícia secreta soviética, KGB, que poderiam inocentá-lo.
O Ministério público baseou a acusação no depoimento do único sobrevivente do campo de Sobibor, Jules Schelvis, e também num cartão de identidade de guarda com a foto de Demjanjuk, de 1942.
Esse foi o primeiro julgamento conduzido num tribunal alemão que condenou um prisioneiro dos nazistas instruído para trabalhar num campo de concentração. O processo foi realizado na Alemanha, porque John Demjanjuk teria trabalhado no país como motorista, logo após a Segunda Guerra.
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,15070148,00.html

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Propaganda Nazista
O Triunfo da Vontade


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A reunião anual do NSDAP (Partido nacional-socialista alemão) realizada em 1934 revelou-se extraordinária não pelo acontecimento em si, porque os nazistas já haviam feito outros colossais comícios de massas, mas pela excelência do documentário que a registrou. Pode-se dizer que Der Triumph des Willens (O triunfo da vontade, seu título), dirigido e montado por Leni Riefenstahl, ficou sendo uma das poucas coisas que, no que se refere à estética moderna, perdurou daquele triste regime.

O Nazismo e a Propaganda


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O Rienzi de Wagner inspirou Hitler

Desde que quando era bem jovem, tentando inutilmente afirmar-se como um artista e como pintor em Viena e em Linz, Hitler assistira várias vezes a Rienzi, ópera de Richard Wagner, de quem se dizia admirador e fiel discípulo, deixando-se tocar para sempre pela grandiosidade da cenografia do mestre da música alemã. Justamente por este seu passado vinculado às belas tintas e ao gosto pela música grandiloqüente é que a Reichswehr, o exército alemão, o incumbiu de tarefas propagandísticas no conturbado período do após I Guerra, na Alemanha, contratando-o para neutralizar a ascendência comunista e pró-bolcheviques das tropas. Mal ingressando no NSDAP (National-sozialistische Arbeiten Partei) em 1919, o caudilho nazista procurou inspirar-se no princípio da arte total wagneriana aplicando-a no terreno da política de massas, encenando todas as suas aparições públicas de orador do partido como se fosse a entrada de um célebre tenor nos palcos de um teatro.

O Ministério da Propaganda


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Um fervor fanático

Hitler preocupava-se com os mínimos detalhes para dar às circunstâncias que o envolviam um ar de tragédia heróica e romântica, inspirada geralmente na mitologia guerreira nórdica, onde todas as atenções se encontram na figura mítica que se apresenta frente ao seu povo. Não havia nisso nenhum sutileza. Chamou isso de propaganda mesmo e nunca tentou esconder esse procedimento de ninguém. Tão importante ela se fez para o novo regime que ascendera ao poder na Alemanha de Weimar, em janeiro de 1933, que uma das medidas mais imediatas foi a criação de um Ministério da Propaganda, entregando sua direção ao doutor Joseph Goebbels. Num regime que se assumia como absoluto, total, todos espaços que dali por diante circundavam os cidadãos, nas ruas, nos edifícios, no estádios, os prédios público e privados, nas fábricas e nas escolas, tudo o que fosse impresso ou que circulava no ar, deveria ser preenchido pelas mensagens, slogans e símbolos do partido nazista e do seu guia Adolf Hitler.

Na Estrada do Triunfo


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Leni com milicianos

O Führer, que tudo supervisionava, não gostara dos documentários feitos pela gente do partido. Pareceram-lhe improvisados, toscos, coisa de amadores. No governo, a situação era outra. Poderia contar com os enormes recursos do Estado alemão, agora dominado por ele e por seus seguidores. Foi assim que ao encontrar-se com Leni Riefenstahl indicou-a como a sua cineasta de confiança. Artista famosa por atuar em filmes de montanha, o primeiro deles dirigido por ela em 1932, Leni daria um toque de profissionalismo e talento ao filme documentário político alemão. Para ela, foi uma questão de transferir a imensidão silenciosa dos Alpes, onde gostava de filmar e aparecer em todo o tipo de situação, para as colossais e barulhentas concentrações de massa organizadas pelo partido nazista. Deslocar o alvo da câmera dos cimos elevados e baixá-la para a planície onde se reuniam as multidões, mantendo sempre o seu aspecto espetacular, magnificente.

Artigo publicado pelo site: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/propaganda.htm

Sendo a ele pertencente, todos os créditos pelo artigo e fotos, estado neste blog para o conhecimento dos meus alunos.

Entre os 10.000 homossexuais deportados pelo regime nazista, um sobrevive: Rudolf Brazda conta sua experiência

Triângulo Rosa
Simbolo dos Homoxessuais na Alemanha Nazista.
Esta materia foi publicada no enderço http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/leituras-cruzadas/5111/ sendo todos os direitos e créditos Pertencentes a REVISTA VEJA. Foi postada neste blog para conhecimento dos meus alunos sobre a sociedade nazista.

" Muito se fala sobre a perseguição aos judeus na Segunda Guerra Mundial, mas o sofrimento de outros grupos visados pelos nazistas, como os gays, ainda pode, e deve, ser mais bem narrado. Triângulo Rosa – Um Homossexual no Campo de Concentração Nazista (Mescla Editorial, tradução de Ângela Cristina Salgueiro Marques, 184 páginas, 48,90 reais), livro lançado nesta semana no Brasil – primeiro país estrangeiro a lançar uma tradução – é um esforço neste sentido. Ele conta a história de Rudolf Brazda, único sobrevivente entre os 10.000 homossexuais deportados pela ditadura de Adolf Hitler.

Rudolf Brazda se descobriu homossexual muito jovem. Antes dos 10 anos de idade, seus amigos já comentavam que era afeminado. Quando adolescente, mostrou ser um verdadeiro pé de valsa. As garotas disputavam entre si para ser seu par na pista de dança. Não eram poucas as vezes em que elas tentavam ir mais longe, mas ele não correspondia. Estava claro que preferia os garotos. Filho de pais checos, livres de qualquer tipo de preconceitos, Brazda não teve problemas ao levar seu primeiro grande amor para conhecê-los. Manteve um relacionamento sério com Werner de 1933 a 1936, quando o companheiro foi convocado para o serviço militar. Eles não se veriam mais. Depois dele, porém, vieram outros amores.

Nascido no vilarejo de Brossen, perto Leipzig, na Alemanha, em 23 de junho de 1913, Brazda tinha apenas 20 anos quando os nazistas tomaram o poder. Especialmente em 1935, a legislação contra os homossexuais foi endurecida pelo regime. Os termos do parágrafo 175 do código penal foram reforçados: “A luxúria contra o que é natural, realizada entre pessoas do sexo masculino ou entre homem e animal é passível de prisão e pode também acarretar a perda de direitos civis”. Todos os gays passaram a ser cadastrados na Central do II Reich, com o objetivo claro da repressão. As estimativas da época apontam que cerca de 100.000 pessoas foram fichadas, entre elas Brazda e seus amigos.

Ele foi condenado pela primeira vez em 1937. Passou seis meses na prisão e acabou expulso da Alemanha. Esperava retomar a vida na Tchecoslováquia, mas, em 1938, o regime de Hitler atravessou o seu caminho mais uma vez. Com a anexação da província dos Sudetos pelos nazistas – onde fica a cidade onde morava, Karlsbad -, as leis alemãs passaram a ser aplicadas ali com o mesmo rigor. Em pouco tempo, Brazda foi preso novamente e condenado a 14 meses de prisão. Embora tenha cumprido a pena integralmente, não chegou a ser libertado. No auge do regime de Hitler, os campos de concentração se propagaram: abrigariam também prisioneiros de guerra, comunistas, social-democratas, judeus, testemunhas de Jeová, ciganos e homossexuais.

Mais um triângulo rosa - Em 8 de agosto de 1942, Brazda foi mandado para o campo de Buchenwald. Identificado com o símbolo de um triângulo rosa, afixado em sua roupa, Brazda era apenas mais um entre os 10.000 gays deportados para campos de concentração durante a II Guerra. Durante três anos, vivenciou todo tipo de atrocidade. A humilhação começava logo que os prisioneiros chegavam ao local, pois todos eram despidos para inspeção. Brazda, particularmente, ainda participou de uma briga feia com um SS. Levou um tapa no rosto depois de ter lhe respondido de maneira insolente e perdeu três dentes.

Sempre otimista, Brazda conta que, apesar de tudo, sua passagem pelo campo poderia ter sido pior. “Outros foram ainda mais prejudicados. Eu ao menos podia trabalhar. Eles me deixavam relativamente tranquilo, só era necessário prestar atenção para não me fazer notar pelos SS”, diz lenta e pausadamente, em entrevista por telefone ao site de VEJA. “Testemunhei diversos tipos de violência contra outros prisioneiros. Foram coisas que não me machucaram fisicamente, mas que me marcaram de forma profunda”, acrescenta. Brazda foi libertado em 11 de abril de 1945, quando fixou residência na França.

Para manter o sorriso no rosto, ele se recorda principalmente das fases felizes de sua vida, ou seja, antes de ser preso pela primeira vez e depois do período em que esteve no campo de concentração. Após nova pausa para reflexão, Brazda conclui que o melhor período foi aquele em que viveu com seu último companheiro, Eddi. Eles se conheceram em 1950 e a partir 1959 passaram a morar juntos na França. “Tínhamos uma boa vida, trabalhávamos. Éramos livres e podíamos nos deslocar como quiséssemos”, lembra. Permaneceram juntos por quase meio século – Eddi morreu em 2003. Hoje, aos 97 anos, Brazda é o último sobrevivente entre os homossexuais deportados pelos nazistas. Crente em Deus, ele define sua passagem no mundo como “plena”.

A reconstrução da história - Assumindo o papel de confidente de Brazda, o pesquisador e militante dos direitos dos homossexuais Jean-Luc Schwab pôde transformar seus depoimentos no livro Triângulo Rosa. Coincidentemente, havia entrado em 2008 para uma associação dedicada ao reconhecimento desse tipo de deportados na França quando descobriu que o último sobrevivente morava bem perto dele, na região de Mulhouse, na França. Para recompor a trajetória do personagem, Schwab recorreu a centenas de horas de entrevistas com diferentes fontes, pesquisas pessoais em arquivos alemães, checos e franceses e viagens aos antigos lugares ligados à vida e ao confinamento do biografado.

Leia a seguir trechos da entrevista com o co-autor Jean-Luc Schwab:

Rudolf Brazda ao 98 anos de idade.

Como o senhor tomou conhecimento da história de Brazda? Ouvi falar de Rudolf num jornal local francês, em 2008. Pouco antes, havíamos inaugurado em Berlim o memorial às vítimas homossexuais do nazismo (Homosexuellen-Denkmal), em 27 de maio. Na inauguração, lamentamos que não havia um só sobrevivente para ver o monumento. Ao saber do fato pela TV, Rudolf – que até então achava que sua história não interessava a ninguém – resolveu avisar que estava vivo. Ele não se dava conta do valor histórico de seu testemunho. No fim de junho, então, ele foi convidado para o Gay Pride na Alemanha, e foi feita uma nova cerimônia em homenagem ao memorial, desta vez com uma das vítimas presente. Depois disso, a notícia se espalhou pelos meios de comunicação internacionais.

De que forma o senhor pôde coletar material histórico suficiente para a escritura do livro? Quando fui visitar Rudolf pela primeira vez, me dei conta de que sua história não tinha sido documentada. Então, comecei a entrevistá-lo, para recolher seu testemunho verbal ao menos, e depois gravar os depoimentos em vídeo. Na época, ele estava com 95 anos. E, quando se pede a alguém dessa idade para falar de algo que ocorreu há mais de 60 anos, as lembranças não são muito claras. Então, foi importante verificar nos arquivos se os fatos históricos correspondiam àquilo que ele dizia. Isso nos permitiu descobrir alguns pontos de que ele se esqueceu e precisar outros citados por ele, especialmente algumas datas.

Como nazistas faziam para descobrir quem era ou não era homossexual? No caso de Rudolf, seu nome foi evocado por seus amigos. Não tive acesso a arquivos de outras pessoas, mas, de uma forma geral, quando havia uma denúncia de homossexualidade, era aberto um inquérito policial e, depois disso, bastava provar que o acusado de fato teve relações “contra a natureza” com uma ou mais pessoas. Nesses inquéritos, faziam de tudo para descobrir o máximo possível de nomes envolvidos, para começar novas investigações e assim por diante.

Depois de tanta conversa, surgiu uma amizade entre o senhor e Brazda? No início, não passava de uma relação entre pesquisador e sujeito de estudo. Hoje em dia, me tornei um amigo e confidente. Eu o ajudo no cotidiano, como para preencher documentos ou garantir o contato com seus médicos e enfermeiros. Passo em sua casa frequentemente para visitá-lo, mas não mais para fazer perguntas. De um ano para cá, sua memória vem se desgastando. É bom saber que sua história pôde ser eternizada.

Cecília Araújo"

Campo de concentração de Buchenwald, no leste da Alemanha.

Visite também o endereço: http://www.bodocongo.com/2011/04/o-ultimo-triangulo-rosa.html






domingo, 24 de abril de 2011

Os Limites da Tolerância

Filosofia 2º ano
Os valores
Em Antropologia, Cidadania e Profissionalidade, EFA/RVC (NS), Filosofia, Psicologia e Sociologia, Psicologia e Sociologia: S2, Sociologia em Novembro 13, 2008 às 6:38 am

Por cada ano que passa, dois milhões de jovens mulheres, entre os 15 e os 25 anos, sofrem a mutilação de uma parte dos seus órgãos genitais. Esta prática tem igualmente o nome de excisão. Em que consiste? Na esmagadora maioria dos casos sem cuidados higiénicos especiais nem anestesia, uma excisora — é quase sempre uma mulher — utiliza uma lâmina de barbear ou uma faca e, na presença de pais e amigos, corta o clítoris e os pequenos lábios da jovem. É frequente os grandes lábios também serem retirados. É a “excisão total” ou infibulação.
Nas últimas décadas, a excisão acontece cada vez mais cedo. Actualmente, a maior parte das vítimas tem menos de um ano. A prática da mutilação genital feminina é uma tradição de vários países africanos (é também praticada na índia, na Indonésia e no Paquistão), embora não da maioria. Pratica-se sobretudo em países que a declararam ilegal: Nigéria, Sudão, Egipto, Somália e Quénia. Noutros países, Mali e Guiné-Bissau, por exemplo, não há qualquer interdição legal.
Por que razão várias etnias e populações inteiras continuam a realizar a mutilação genital feminina? A resposta imediatamente dada é esta: “É o costume. Entre nós, todas as mulheres são excisadas”.
Mas as “razões” variam conforme as etnias (grupos de pessoas que parti¬lham uma mesma língua, hábitos, costumes e valores). Para certos grupos, retirar o clítoris é necessário para que esse pequeno órgão não envenene o bebé no momento do nascimento, não prenda o órgão sexual masculino ou não impeça a relação sexual. Para além destas superstições, há outras justificações a que pode¬remos chamar simbólicas. Certas etnias do Mali, do Senegal e da Mauritânia consi¬deram que a excisão é um acto purificador que dá à jovem o “direito à oração”. Outras afirmam que a excisão é o ritual que assinala a última etapa da vida de uma rapariga antes do casamento. A mutilação genital significa a ruptura dolorosa com a família e com a infância. Através dela a rapariga passa a ser tratada como mulher. Sem a excisão, não alcança esse estatuto nem pode casar-se.
As organizações não governamentais (ONG) e as mulheres africanas que combatem esta prática denunciam-na como estratégia de domínio sexual mascu-lino (como responsável por atrozes sofrimentos e por acentuada mortalidade em bebés e crianças do sexo feminino). A ablação do clítoris retira grande parte da sensibilidade aos órgãos genitais (a mulher perde em prazer o que ganha em fide¬lidade?). Mas não é fácil lutar contra costumes enraizados há milénios.
Haverá uma padrão cuturalemnte neutro de certo e errado?
«Vamos supor que estamos inclinados a afirmar que a excisão é má. Estaríamos nós apenas a impor os padrões da nossa própria cultura? Se o relativismo cultu¬ral estiver correcto, isso é tudo quanto podemos fazer, pois não há um padrão culturalmente neutro a que possamos apelar. Mas será isto verdade?
Haverá um padrão culturalmente neutro de certo e errado? Há naturalmente muito que dizer contra a excisão. É dolorosa e tem como resultado a perda per¬manente do prazer sexual. Os seus efeitos, a curto prazo, incluem hemorragias, tétano e septicemia. Por vezes, a mulher morre. Os efeitos de longo prazo incluem infecção crónica, cicatrizes que dificultam a marcha e dores contínuas.
Qual é, pois, o motivo pelo qual se tomou uma prática social tão alargada? Não é fácil responder. A excisão não tem benefícios sociais aparentes. Ao contrário do infanticídio entre os esquimós, não é necessária à sobrevivência do grupo. Nem é uma questão religiosa. A excisão é praticada por grupos de várias reli¬giões, entre elas o islamismo e o cristianismo, nenhuma das quais a recomenda. Apesar disso, aduzem-se em sua defesa uma série de razões. As mulheres inca¬pazes de prazer sexual são supostamente menos propensas à promiscuidade; assim, haverá menos gravidezes indesejadas em mulheres solteiras. Acresce que as esposas, para quem o sexo é apenas um dever, têm menor probabilidade de ser infiéis aos maridos; e uma vez que não irão pensar em sexo, estarão mais atentas às necessidades dos maridos e filhos. Pensa-se, por outro lado, que os maridos apreciam mais o sexo com mulheres que foram objecto de excisão. (A falta de prazer sexual das mulheres é considerada irrelevante.) Os homens não querem mulheres que não foram objecto de excisão por serem impuras e ima¬turas. E, acima de tudo, é uma prática realizada desde tempos imemoriais, e não podemos alterar os costumes antigos.
Seria fácil, e talvez um pouco arrogante, ridicularizar estes argumentos. Mas podemos fazer notar uma característica importante de toda esta linha de racio-cínio: tenta justificar a excisão mostrando que é benéfica — homens mulheres e respectivas famílias são alegadamente beneficiados quando as mulheres são objecto de excisão. Poderíamos, pois, abordar este raciocínio, e a excisão em si, perguntando até que ponto isto é verdade: será a excisão, no todo, benéfica ou prejudicial?
Na verdade, este é um padrão que pode razoavelmente ser usado para pensar sobre qualquer tipo de prática social: Podemos perguntar se a prática promove ou é um obstáculo ao bem-estar das pessoas cujas vidas são por ela afectadas. E, como corolário, podemos perguntar se há um conjunto alternativo de práticas sociais com melhores resultados na promoção do seu bem-estar. Se assim for, podemos concluir que a prática em vigor é deficiente.
Mas isto parece justamente o tipo de padrão moral independente que o relativismo cultural afirma não poder existir. É um padrão único que pode ser invocado para ajuizar as práticas de qualquer cultura, em qualquer época, nomeadamente a nossa. É claro que as pessoas não irão, em geral, encarar este princípio como algo «trazido do exterior» para os julgar, porque, como as regras contra a mentira e o homicídio, o bem-estar dos seus membros é um valor inerente a todas as culturas viáveis.
Por que razão, apesar de tudo isto, pessoas prudentes podem ter relutância, mesmo assim, em criticar outras culturas. Apesar de se sentirem pessoalmente horrorizadas com a excisão, muitas pessoas ponderadas têm relutância em afirmar que está errada, pelo menos por três razões.
Primeiro, há um nervosismo compreensível quanto a «interferir nos hábitos culturais das outras pessoas». Os europeus e os seus descendentes culturais da América têm uma história pouco honrosa de destruição de culturas nativas em nome do cristianismo e do iluminismo. Horrorizadas com estes factos, algumas pessoas recusam fazer quaisquer juízos negativos sobre outras culturas, especialmente culturas semelhantes àquelas que foram prejudicadas no passa¬do. Devemos notar, no entanto, que há uma diferença entre a) considerar uma prática cultural deficiente; e b) pensar que deveríamos anunciar o facto, dirigir uma campanha, aplicar pressão diplomática ou enviar o exército. No primeiro caso, tentamos apenas ver o mundo com clareza, do ponto de vista moral. O segundo caso é completamente diferente. Por vezes poderá ser correcto «fazer qualquer coisa», mas outras vezes não.
As pessoas sentem também, de forma bastante correcta, que devem ser tole¬rantes face a outras culturas. A tolerância é, sem dúvida, uma virtude — uma pessoa tolerante está disposta a viver em cooperação pacífica com quem encara as coisas de forma diferente. Mas nada na natureza da tolerância exige que con¬sideremos todas as crenças, todas as religiões e todas as práticas sociais igual¬mente admiráveis. Pelo contrário, se não considerássemos algumas melhores do que outras, não haveria nada para tolerar.
Por último, as pessoas podem sentir-se relutantes em ajuizar por que não querem mostrar desprezo pela sociedade criticada. Mas, uma vez mais, trata-se de um erro: condenar uma prática em particular não é dizer que uma cultura é no seu todo desprezível ou inferior a qualquer outra cultura, incluindo a nossa. Pode mesmo ter aspectos admiráveis. Na verdade, podemos considerar que isto é verdade no que respeita à maioria das sociedades humanas — são misturas de boas e más práticas. Acontece apenas que a excisão é uma das más.

Sérgio Lagoa

http://semibreve.wordpress.com/category/antropologia/

Responda:

1º Qual o tema abordado pelo texto?

2º Em que consiste a prática da excisão?

3º qual a sua finalidade social?

4º É uma prática tolerável? Por quê?

5º Quais fatores prepoderam, segundo o texto para a não interferência nesta prática?

6º como você se coloca diante desta prática?



domingo, 27 de fevereiro de 2011

Cartazes contra o capital



O socialismo

Hino da Internacional Socialista

A letra do Hino da Internacional Socialista vem de um poema do francês Eugène Pottier

4/10/1816 - 06/11/1887). Entre 1917 e 1944 foi o hino nacional da URSS.
A canção não é reverenciada como hino apenas pelos membros da atual Internacional Socialista mas também por todos os movimentos comunistas/socialistas, considerando as diferentes linhas de pensamento.

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistamos
A terra mãe livre e comum

Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

O crime de rico, a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido

À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha

Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores

Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo

Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

domingo, 13 de fevereiro de 2011

REVOLTAS TENENTISTAS E O MODERNISMO 3º ANO




Entrada Principal do Forte de Copacabana.


Vista lateral do Forte de Copacabana

Vista Aérea do Forte de Copacabana

Iniciaremos o nosso estudo do terceiro ano a partir do Movimento Tenentista e do Movimento Modernista e a Crise Economica de 1929.
Bons Estudos.
O Tenentismo
Os anos 20
– A partir da abolição da escravatura em 1888, o desenvolvimento do Brasil segue um padrão marcadamente capitalista, tanto no segmento agrícola (café) quanto no urbano (industrialização). No plano internacional, o período que vai da Segunda Revolução Industrial (final do século XIX) à crise de 29 representa a fase final de uma era dominada pelo capitalismo liberal, caracterizado pela não-intervenção estatal na economia e, portanto, na crença da auto-regulação da economia através do livre jogo do mercado. Na década de vinte, esse capitalismo (liberal) entra em crise.
Sintomas agudos dessa crise que anunciam as mudanças futuras serão representados, no Brasil, pela Semana de Arte Moderna e pelo Tenentismo, que analisaremos em seguida.
Origens da crise dos anos 20
Enquanto o modernismo trazia grandes transformações no campo da arte, uma grave crise política eclodia no Brasil. A sua origem situava-se na crescente insatisfação do Exército e das camadas médias urbanas, ao mesmo tempo em que surgiam tensões no próprio seio da camada dominante.
Os militares que haviam se afastado da vida política depois do governo Floriano reaparece¬ram na campanha presidencial de 1909. Nessa campanha, a cúpula militar aliou-se à oligarquia gaúcha.
Os primeiros abalos do "café com leite" – Embora o Exército tenha reaparecido no cenário das disputas políticas em 1910, ele o fez subordinado às poderosas oligarquias de Minas e Rio Grande do Sul. Apoiado por essas forças, o marechal Hermes da Fonseca foi lançado como candidato à presidência. Rui Barbosa, seu opositor, era apoiado por São Paulo e Bahia e baseou toda a sua campanha na idéia "civilista" , contra a ascensão militar, identificando Hermes da Fonseca ao militarismo Rui Barbosa foi derrotado, enquanto Hermes da Fonseca, depois de eleito, lançou-se à "política das salvações", que consistia na intervenção federal nos estados onde as oligarquias eram contra o novo presidente.
Apesar da eleição de Hermes da Fonseca e do papel de destaque exercido por Pinheiro Machado, presidente do Senado e chefe da oligarquia gaúcha, após o seu mandato a antiga política, que tinha Minas e São Paulo como eixo, foi novamente retomada.
A Reação Republicana – A crise política reapareceu, entretanto, em 1922, nas eleições para a sucessão de Epitácio Pessoa, quando Minas e São Paulo resolveram a questão indicando Artur Bernardes (mineiro) para a presidência e já acertando a candidatura de Washington Luís (paulista) como sucessor de Bernardes.
Contra esse arranjo político uniram-se os seguintes estados: Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro - nessa ordem em termos de importância eleitoral. Formava¬se assim a Reação Republicana, que apresentou Nilo Peçanha como candidato e opositor de Bernardes, o candidato do "café com leite" . Novamente, o Exército inclinou-se para a oposição, contra a oligarquia dominante. As disputas acirradas criaram um clima de grande ten¬são, agravada pela publicação, no jornal Cor¬reio da Manhã, de uma carta, falsamente atribuída a Artur Bernardes, ofensiva aos militares.
Todavia, as eleições foram vencidas por Artur Bernardes. Finalmente, as frustrações longa¬mente acumuladas eclodiram: no dia 5 de julho de 1922, jovens oficiais do forte de Copacabana se rebelaram, com apoio das guarnições do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Mato Grosso. O objetivo era impedir a posse de Artur Bernardes. Embora a rebelião tenha fracassado, os jovens militares resolveram abandonar o forte e marchar pela praia de Copacabana para enfrentar as forças legalistas, numa atitude suicida. Desse episódio, conhecido como os 18 do For¬te, sobreviveram apenas os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Iniciou-se aí o longo episódio de rebelião a que se chamou Tenentismo.

A Aliança Libertadora – A presidência de Artur Bernardes, desde o início, conheceu a instabilidade política. No Rio Grande do Sul, estourou uma guerra civil. E a razão foi a seguinte: o Partido Republicano Gaúcho indicara pela quinta vez o nome de Borges de Medeiros para presidente do Estado. Como em 1922 ele se colocara contra a eleição de Bernardes, a oligarquia dissidente gaúcha, agrupada na Aliança Libertadora, esperava o apoio federal através de seu candidato, Assis Brasil. Entretanto, as eleições deram vitória a Borges de Medeiros. Os ânimos então se exaltaram, culminando a disputa política numa guerra civil que terminou com o pacto das Pedras Altas. Nele, o governo federal reconheceu Borges de Medeiros como presidente do estado, mas o impediu de nova reeleição.

As revoltas tenentistas – O descontentamento contra a oligarquia dominante atingiu o auge com as revoltas tenentistas, que tiveram dois focos principais: o Rio Grande do Sul (1923) e São Paulo (1924). No Rio Grande do Sul, a revolta tenentista teve o imediato apoio da dissidência oligárquica da Aliança Libertadora e dirigiu-se para o norte: Santa Catarina e Paraná. Em São Paulo, a revolta foi desencadeada sob a chefia do general Isidoro Dias Lopes, que, não podendo suportar as pressões das tropas legalistas, dirigiu-se para o sul, encontrando-se com as tropas gaúchas, lideradas por Luís Carlos Prestes e Mário Fagundes Varela. A união das duas tropas rebeldes levou à organização da "guerra de movi¬mento". Os principais nomes desse movimento foram: Juarez Távora, Miguel Costa, Siqueira Campos, Cordeiro de Farias e Luís Carlos Prestes. Este último, mais tarde, desligou-se do movimento para ingressar no Partido Comunista do Brasil, tornando-se o seu chefe principal.
Formou-se assim, em 1925, a célebre Coluna Prestes, que durante dois anos percorreu cerca de 24 000 km, obtendo várias vitórias contra as forças legalistas. Inutilmente procurou sublevar as populações do interior contra Bernardes e a oligarquia dominante. Com o fim do mandato de Artur Bernardes, em 1926, a Coluna entrou na Bolívia e, finalmente, se dissolveu.


Tenentes em 1922 Praia de Copacabana






Tenentes em 1924 Sul do Brasil

Eles eram jovens e lutavam por um país mais justo

O programa de ação dos tenentes – Nos inícios de 1925, quando os rebeldes do sul chefia¬dos por Luís Carlos Prestes juntaram-se em Iguaçu com as tropas paulistas de Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, um ideário não muito consistente guiara o movimento. Além da de¬posição do presidente Artur Bernardes, os tenentes reivindicavam o voto secreto, eleições honestas, castigo para os políticos corruptos e liberdade para os oficiais presos em 1922. Acreditavam que esse programa teria apoio da população do sertão.
O percurso da Coluna Prestes, originalmente chamada de Coluna Miguel Costa-Prestes, durou 25 meses, enfrentando as tropas federais e os jagunços dos coronéis. A população que os tenentes pensavam defender reagia ora com indiferença ora com hostilidade.
Ideologicamente, os tenentes eram conservadores, não propunham mudanças significativas para a estrutura social brasileira. Defendiam um reformismo social ingênuo mistura¬do com muita centralização política e nacionalismo.

A "herança" do tenentismo – Em que pese o caráter conservador do tenentismo, a sua in¬fluência maior foi sobre as organizações da esquerda brasileira. Como em todo o mundo, a vitoriosa Revolução Russa de 1917 influiu decisivamente na constituição do Partido Comunista. Antes de seu nascimento, o cenário das lutas operárias no país era dominado pelo anarquismo, cuja tática era o enfrentamento direto com os patrões. Isso foi abandonado em favor de uma organização comunista hierarquizada e disciplinada, num sentido muito próximo aos anseios tenentistas. Mas o tenentismo influiu também sobre o conservadorismo militar, do qual o regime militar instituído em 1964 pode ser considerado um produto tardio.

Homenagem aos heróis do Forte de Copacabana.

Bairro de Copacabana Rio de Janeiro - Brasil.


Monumento em Homenagem aos 18 do Forte localizado na cidade de Palmas no estado do Tocantins.



A Semana de Arte Moderna (1922)

Tendências da arte no século XX –

O inicio da Primeira Guerra Mundial abriu um longo ciclo de crises para o capitalismo. Embora a crise
não estivesse sendo percebida pela maioria das pessoas, no plano da arte ela já estava presente com intensidade. De fato, a plena consciência da crise só ocorreria em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York. A própria burguesia tomou consciência do estado anárquico do mercado, atribuindo a crise à falta de planificação da produção e distribuição. Teve início, então, a radical crítica da economia liberal: começou a se falar na crise do capitalismo, na catástrofe iminente do sistema, temendo-se cada vez mais as ameaças revolucionárias e o exemplo da União Soviética.
No plano da arte, a crise do capitalismo correspondeu à vigorosa crítica ao impressionismo, o que resultou numa mudança radical da tendência artística. Efetivamente, o impressionismo, cuja origem situa-se na década de 70 do século passado, representado por pintores franceses como Renoir, Monet e Manet, foi a culminância de uma evolução artística iniciada no Renascimento (século XV). Pinturas e desenhos em três dimensões (altura, largura e profundidade), tão comuns entre nós, foram estabelecidos pelos artistas do Renascimento. Esse espaço pictórico renascentista persistiu até o século XIX.
A nova arte, pós-impressionista, como o cubismo, construtivismo, futurismo, expressionismo, dadaísmo e surrealismo, foi a mais radical das transformações artísticas, pois representou uma ruptura com a tradição renascentista. Nela, criticava-se a representação naturalista, deformando-se deliberadamente os objetos naturais. Assim, criticando o caráter ilusionista da representação, procurava-se não reproduzir a natureza, mas violentá-la. A arte abandonou a mimese (imitação) e, a partir de então, tentou fazer das obras uma realidade própria, um duplo da realidade.
A nova arte era, por isso mesmo, anti-sensorial e, do ponto de vista renascentista, uma antiarte. Assim como na pintura destruíram-se os valores pictóricos caros à Renascença, na poesia todas as regras herdadas pela tradição, como a métrica e a rima, foram abandonadas em favor da mais completa liberdade criativa. O mesmo ocorreu com a música, na qual se procurou a superação da melodia e da tonalidade.

Situação no Brasil – No Brasil, o rompimento com a estética tradicional deu-se em 1922, com a Semana de Arte Moderna - o modernismo. O movimento modernista correspondeu às profundas transformações por que passava a sociedade brasileira, na qual a tradicional oligarquia agrária era ainda dominante, apesar do surto industrial e urbano que aos poucos colocava em xeque esse domínio. Nesse quadro, o movimento representou o mais radical esforço de atualização da linguagem, procurando dar conta da nova realidade que se estava implantando. Foi precisamente esse contexto que sensibilizou a nova elite intelectual em formação para as revoluções estéticas que estavam ocorrendo na Europa.
Os novos ideais estéticos que o modernismo pôs em circulação em 1922 foram introduzidos no Brasil no período imediatamente anterior à Primeira Guerra. Os contatos entre intelectuais e artistas brasileiros e europeus intensificaram-se nesse período.

Preparação do movimento – Apesar da incorporação de valores estéticos que iniciaram sua vigência na Europa pós-impressionista, de modo algum o modernismo brasileiro pode ser reduzido a mera cópia do modelo europeu. E isso, precisamente, porque o movimento de 1922 não foi apenas uma revolução estética, mas sobretudo uma importante mudança de atitude mental. Nesse sentido, tomar o partido da nova estética tinha, em verdade, um significado político pois era voltar-se contra a arte tradicional - representada pelo parnasianismo e pelo simbolismo -,que estava comprometida com a ordem social em vias de superação e que a nova concepção artística veio combater.
É curioso notar que as várias correntes de vanguarda em que se desdobrou a reação anti¬impressionista não eram conhecidas, cada qual em sua peculiaridade. O que se chamou, no período, de futurismo tinha um sentido desestabilizador da arte bem-comportada e acadêmica, e não um conjunto coerente de princípios estéticos. Em nome do futurismo rejeitou-se toda regra a que estava submetido o fazer artístico, de modo que a sua importância histórica reside, precisamente, na denúncia das convenções artísticas alheias à realidade.

Anita Malfatti – A data-chave que marca o confronto entre o velho e o novo é 1917, com a exposição das pinturas de Anita Malfatti, em São Paulo. A pintora, que realizara viagens de estudo pela Alemanha e pelos Estados Unidos, possuía uma formação antiacadêmica e estava plenamente sintonizada com as vanguardas européias (cubismo e expressionismo). As polêmicas e incompreensões foram imediatas, culminando com uma severa crítica de Monteiro Lobato, no jornal O Estado de S. Paulo, num artigo intitulado "Paranóia ou mistificação?" . Mas era uma crítica de quem se apegava ainda ao passado, recusando com rispidez o novo. Não faltaram, entretanto, manifestações de simpatia e admiração por parte de um grupo de jovens artistas, entre os quais Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Mário de Andrade. A importância da exposição de Anita está no fato de ter polarizado as opiniões, entre os partidários de uma nova estética e os tradicionalistas.

Eclosão do movimento – De 1917 a 1922, os jovens artistas de São Paulo intensificaram contatos com as vanguardas européias, aparelhando-se para o grande evento que viria a ser a Se¬mana de Arte Moderna. Ao mesmo tempo, através de jornais foram divulgadas as novas idéias estéticas. A combatividade dos jovens intelectuais e artistas foi criando uma coesão no grupo, formado por artistas plásticos, poetas e críticos: Di Cavalcanti, Brecheret, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade. Além disso, a articulação com intelectuais do Rio de Janeiro, como Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida, Villa Lobos e Ronald de Carvalho, "e a adesão do prestigioso Graça Aranha significavam que o Modernismo poderia lançar-se como um movimento" .
Assim, entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com a participação dos artistas que, segundo a notícia veiculada no O Estado de S. Paulo, "representam as mais modernas cor¬rentes artísticas", deu-se o grande evento, destinado a marcar época: a Semana de Arte Moderna.

Modernismo e tendências ideológicas – Em seguida ao lançamento da Semana apareceram revistas críticas que procuraram dar ao movimento uma feição teórica. Assim, em maio de 1922, surgiu a revista Klaxon, mensário de arte moderna, e em setembro de 1924 saiu a revista Estética. Todavia, ambas tiveram vida curta: Klaxon conseguiu publicar nove números e Estética apenas três.
As formulações teóricas dessas duas revistas já denunciavam o impasse estético em que logo se viram os modernistas. Na Klaxon, o futurismo (aberto à civilização moderna e tecnológica) conflitava com o primitivismo (voltado para as forças do inconsciente). Na Estética, a oposição era entre a arte engajada e a arte pela arte. À medida que as implicações estéticas do modernismo foram se explicitando, o campo de debate foi se ampliando, e as reflexões estéticas conduziram os modernistas a posições ideológicas que, em seguida, os dividiram em tendências contraditórias. Da "redescoberta" do Brasil surgiram o primitivismo de Oswald (Revista de Antropofagia, 1928), mas também o nacionalismo verde-amarelo (1926) de Cassiano Ricardo e o Grupo Anta (1927), neo¬indianista, de Plínio Salgado. Ao mesmo tempo, formou-se um grupo em torno da revista Festa (1927), reunindo os "espiritualistas” , como Tasso da Silveira, que retomaram a tradição simbolista.
Assim, mesmo tendo as mesmas origens no que diz respeito ao movimento artístico, o modernismo não chegou propriamente a se definir ideologicamente. No geral, persistiu a hesitação, com exceção do Grupo Anta de Plínio Salgado, que aderiu explicitamente ao nazi-fascismo.

Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/vinte.htm