segunda-feira, 28 de maio de 2012

TRÊS HISTÓRIAS SOBRE RACISMO 26/nov/2010 . 14:34 | Autor: Seu Pimenta (…) espalmou a mão negra e – “com gosto de gás” – deu um tapa na cara da mulher, em sincronia com um desabafo: “descarada é você, cachorra vagabunda. Marival Guedes O cantor/compositor Chico Buarque contou em entrevista que seu genro Carlinhos Brown, a filha Helena Buarque e os netos deixaram um condomínio de classe média na Gávea (RJ) por causa da discriminação racial. Indignado, relata que ficou impossível continuarem lá porque eram claramente indesejados, agredidos. Ele diz ainda que quando vai à praia costuma ouvir gracinhas agressivas do tipo: Chico, cadê o genro? Mas o cantor dá risada quando diz que “estes caras musculosos da praia pensam que são brancos. E não são. Eu também não sou branco, o país é miscigenado, o que é muito bom. O problema é a falta de informação destas pessoas, é in-cultura mesmo.” O NEGRO E O MÉDICO O dirigente do Grama, entidade ambientalista de Itabuna, Valmir do Carmo, depois de participar de um congresso em Londrina (PR), foi à noite a um bar. Lá ouviu a pérola: “negrinho, se não fosse você e sua raça, minha família não seria rica”. O agressor, médico famoso na cidade, se referia ao período escravagista. Valmir chamou a PM, mas o homem já havia saído de táxi . O comandante ordenou que o gerente do bar ligasse para a central e conseguiu localizá-lo e dar voz de prisão. O irmão do acusado, outro médico, protestou: “era só o que faltava, meu irmão ser preso por causa de um preto”, disse, sem sequer atentar para o fato do comandante ser negro. Imediatamente recebeu voz de prisão e os dois foram para a cadeia. Dia seguinte ,Valmir foi procurado por um batalhão de jornalistas. A NEGRINHA E A MADAME Uma estudante da UESC, atravessava a avenida Amélia Amado, em Itabuna, quando uma motorista, ao invés de reduzir, aumentou a velocidade do veículo . Não satisfeita gritou: “sai da frente, negra descarada”. A estudante, famosa militante de esquerda, valente, barraqueira e dona de gargalhada inconfundível, saiu em disparada tal qual uma louca para alcançar a agressora. E conseguiu. O carro era o primeiro da fila. Ela se aproximou ofegante da motorista, levantou o grosso braço, espalmou a mão negra e – “com gosto de gás” – deu um tapa na cara da mulher, em sincronia com um desabafo: “descarada é você, cachorra vagabunda”. O estalo chamou a atenção dos transeuntes. Apavorada, a madame arrastou o veículo antes mesmo do sinal abrir, fazendo “cantar” os pneus. Há vários dias não vejo a estudante. Por falta de autorização, e para segurança dela, omiti o nome . O Brasil avançou muito nas últimas décadas com relação ao combate à discriminação. Mas ainda falta uma parcela entender que não existe superioridade racial. E não somos brancos. Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA sempre às sextas-feiras. http://www.pimenta.blog.br/2010/11/26/tres-historias-sobre-racismo/

sábado, 26 de maio de 2012

Qustão Racial

Fonte deste material:http://dial-b2-161-64.telepac.pt/trabalhos/2006-2007/racismo_e_xenofobia/index.html Racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras…Racismo é uma tendência sociopolítica ou simples atitude social ou particular, que defende a superioridade de determinadas raças humanas sobre outras e consequente supremacia em relação às raças consideradas inferiores…Há de facto variadíssimas concepções da palavra Racismo mas para uma definição é necessário concentrar-se no que a todos comum e esquecer as particularidades. Mas antes de elabora um conceito aproximado de Racismo, pois nunca pode ser exacto já que o racismo pode ser entendido de diversas perspectivas (clarificaremos essa questão mais à frente), é necessário entender algumas definições relacionadas com a rede conceptual do Racismo, isto é, um conjunto de conceitos que se relacionam com o Racismo de modo a uma melhor compreensão da sua extensão. • Etnocentrismo: é uma tendência para sobrevalorizar uma dada cultura, considerando os seus valores e os seus padrões culturais como medida daquilo que é desejável e estimável para todos. Por outras palavras, é idealizar uma cultura, ou seja, identifica-la como um «deve ser», uma forma correcta de estar, de agir, etc., que deve ser seguida como modelo já que é a mais correcta, a melhor. O Etnocentrismo está ligado ao Racismo dado que ao elevarmos uma cultura em relação às outras, mesmo em pequenas expressões do quotidiano como “isto é Grego!” quando algo é incompreensível no nosso ponto de vista, estamos a inferiorizar outros em relação ao que achamos mais adequado, estamos a hierarquizar, a ordenar por preferidos, ou seja, a diferenciar como melhores ou piores culturas diferentes da nossa, estamos portanto a fazer uma espécie de racismo pois estamos a comparar de uma forma nociva, já que ao considerar-mos a nossa cultura como melhor considera-mos os outros abaixo dela e consequentemente desprezamos e humilhamos as diferenças culturais. • Xenofobia: como desenvolvemos no trabalho, é uma exaltação de uma cultura em relação a outras, considerando-a como superior às restantes desenvolvendo-se portanto, um receio, uma raiva em relação ás restantes culturas, iniciando-se ( se levado ao extremo) uma tentativa de aculturação forçada (uma imposição de uma cultura considerada superior em relação a uma outra cultura dada como inferior – “Levar a cultura, a religião, em suma a civilização aos povos não civilizados”, nas palavras de Oliveira Salazar) Como veremos adiante a xenofobia e o racismo estão interligados e interdependentes pois são atitudes de diferenciação de raças e de hierarquização destas, superiorizando umas culturas em relação a outras o que levam a uma inferiorização e a uma tentativa de impor a cultura preferenciada às restantes, numa tentativa de ajuda forçosa e racista (pois preferência-se e humilha-se a cultura, os povos, tudo que seja considerados abaixo da cultura ideal). • Superioridade da raça ariana: como já nos apercebemos o Racismo é a inferiorização de uma cultura considerada inferior em relação a uma cultura considerada superior: uma raça ariana, isto é, superior – a ideal. Os elementos caracterizadores desta raça são considerados mais ou menos como o Pedigree em relação aos outros seres da espécie – por terem uma determinada fisionomia e adoptarem um certo comportamento dado como correcto são vistos como os melhores pondo de parte os restantes e marginalizando-os (racismo). São muitos os conceitos interligados ao racismo mas sendo estes os essenciais podemos entender portanto que o racismo é: Uma atitude de inferiorização e marginalização de uma determinada cultura, religião, etc. (em especial raça), advindo esta atitude de um medo, um receio de outras culturas e misturas entre estas (xenofobia) devido a uma pressuposta superioridade de outra raça, cultura, religião, etc. dada como modelo a seguir pelas suas características tidas como ideais (Etnocentrismo). Temos portanto uma pequena definição de racismo, mas como já vimos nós todos podemos ter umas atitudes etnocentristas, xenofobicas e até racistas mas superadas ao longo dos anos e com a maturidade que vamos adquirindo ao longo da nossa formação pessoal. No entanto estas atitudes são por vezes levadas ao extremo devido a um Etnocentrismo e xenofobia exagerados, como temos vindo a presenciar ao longo dos anos com genocídios (por outras palavras: destruição sistemática de uma povo), como é o caso do Holocausto Judeu, onde calcula-se que à volta de 6 milhões de Judeus foram vítimas da violência nazi, nos campos de concentração e nos trabalhos forçados (isto foi descoberto por volta do final da 2ªGuerra Mundial, mas já durava à bastante tempo – por volta da tomada de poder na Alemanha pelos nazis). Não podemos excluir que os nazis exterminaram não só judeus como deficientes, estrangeiros, homossexuais, etc., tudo numa tentativa desvairada de eliminar tudo que não se identificasse com as características do povo Alemão. Ainda também é importante mencionar o exemplo da escravatura que nos leva a tempos milenares onde raças eram obrigadas a fazer trabalhos forçados sem condições, levados a obedecer cegamente a um ou mais amos sendo tratados de uma forma inferior a animais (e como nessa altura não havia direitos dos animais, duvido que estes também fossem muito bem tratados por isso podemos imaginar o modo de vida…) e trocados por um par de moedas como se fossem seres não vivos e sem sentimentos e não humanos como os restantes. Devemos referir que a raça que mais foi submetida à escravatura foram os negros e Índios, dado que nos tempos remotos eram escassas as pessoas de cor na Europa, o território dominante com os avanços tecnológicos, as condições de vida e os descobrimentos como principais factores. Como sabemos as ditas “pessoas de cor” e Índios advém maioritariamente de África e não da Europa onde se verificam tons de pele normalmente claros (devido ao clima –os nossos antepassados ao migrarem de África, onde se pensa que começaram as raízes da espécie humana, foram adquirindo uma pigmentação de acordo com a zona onde se foram fixando (tons mais claros para ambientes mais frios e mais escuros para ambientes mais frios, pois a radiação solar confere uma tonalidade mais escura aquando de exposição prolongada e desprotegida) e como a Europa é uma zona consideravelmente fria e ainda o era mais em temos remotos esta era maioritariamente “Branca”). Então com os Descobrimentos, os povos que eram colonizados eram submetidos aos desejos do povo colonizador, que levava os habitantes à escravatura e como os países colonizados eram a negra África e a índia América e o colonizador era a branca Europa já descobrimos porquê os Negros e Índios. Outra das “pistas” que nos levam a este raciocínio é o facto de nas civilizações milenares, como os egípcios, a escravatura era praticada aos “inimigos do país” (tanto dentro como fora das fronteiras, pois infractores do próprio país que tivessem tido uma conduta imprópria poderiam ser punidos com esta medida de acordo com o crime cometido) e não a outras raças ou como o verificado na Europa pois, no Egipto verificamos uma “fusão de cores”, isto é, uma mistura entre brancos, negros, índios, etc
Concluímos portanto que os actos mais extremos de racismo foram efectuados por diferenças mais acentuadas, devendo ser exterminadas para uma não continuação destes casos (ou seja, que estes não se pudessem espalhar como um vírus através da reprodução e aculturação) dados como anomalias ao correcto.
Já agora…. A tão conhecida expressão de “sangue azul” deve-se ao facto de às pessoas de cor clara ser possível ver a cor as veias - um tom de azul - e como estas eram consideradas como raça dominante percebemos como esta expressão é dada como um sinónimo de Pedigree. . Origem do Racismo: O racismo teve as suas origens principalmente devido à exploração de povos na antiguidade, pois eram utilizados grupos humanos considerados de “ raça inferior “ para a trabalhar como escravos. Estes grupos eram constituídos na sua maioria por pessoas de raça negra, estes eram arrancados dos seus países de origem para trabalharem como escravos, produzindo nos países para onde iam riqueza para os colonizadores do país, devido a esta marginalização é bom salientar que a escravidão foi uma das principais razões para a origem do racismo. O racismo foi inventado pelos ricos para manter os trabalhadores divididos para que eles não se unissem e derrubassem o capitalismo. O racismo originou-se com o sistema europeu de classes em que as pessoas apenas tinham peles pigmentadas se trabalhassem no exterior. O termo “ sangue azul” teve origem na possibilidade de se observar as veias das pessoas ricas através da sua pele pálida, com isto tiramos a conclusão que as pessoas que tinham peles pigmentadas eram as que trabalhavam (os escravos) e as pessoas que tinham pele branca eram os ricos, aqueles que consideravam o trabalho manual o dever dos inferiores – os “cavalheiros”, as “damas” ou os “de boa família”. Os capitalistas, através do trabalho dos escravos, começaram a dominar a economia. Os países europeus que exploravam o mundo justificaram a tomada da terra aos não-europeus baseando-se na intolerância religiosa ou cultural. Os aristocratas que acreditavam que os trabalhadores eram inferiores viam os povos “não-cristãos” ou de “cor”, que eles vendiam como escravos ou forçavam à pobreza e à fome ao roubar-lhes as terras. Descobriram que poderiam usar os seus exércitos para forçar estas pessoas a viver com menos do que eles pagavam aos seus trabalhadores europeus, dissessem aos trabalhadores europeus que os “de cor” apenas ficariam com o trabalho sujo que eles não queriam fazer. Em resumo, sobre a escravidão, podemos dizer que foi uma das principais causas para o aparecimento do racismo entre grupos humanos. A escravidão (o direito reivindicado pelos colonizadores, por meio da força, de utilizar trabalho negro para enriquecerem) define que “trabalho é coisa de raça inferior”. Foi esse o princípio que norteou a sociedade brasileira – entre outras do continente – durante mais de três séculos e até há apenas pouco mais de um século. Ainda sobre as origens do racismo podemos dizer que as suas origens são bastantes indefinidas e controversas, pois este fenómeno acorre em todas as etnias e em todos os países. Um exemplo típico de racismo ocorre nas Américas, em especial nos Estados Unidos da América, onde o racismo chega aos extremos contra os negros e contra os latinos, em especial no sul do país. Até a década de 50 nos EUA os negros eram mortos enforcados em árvores, sem julgamento, sem que os autores destes assassinatos fossem punidos. Havia mesmo uma sociedade secreta, a Ku Klux Klan, que se propunha a perseguir e "justiçar" negros. Formas de Racismo. Racismo individual ou a modalidade individual, realça-se nos estereótipos mais estranhos, nas atitudes, nos comportamentos e até nos interesses pessoais que estão socializados entre brancos, negros e indivíduos de outros segmentos sociais (somos um povo de “mente colonizada”). Racismo institucional ou modalidade institucional, é claramente demonstrado em dados oficiais. O negro, o índio, o judeu, o cigano, os mineiros, os peões, os mendigos, os bêbados, os gigolôs, os homossexuais, a mulher – sobretudo negra – e toda sorte de marginalizados, destituídos e enjeitados, são oculta ou abertamente discriminados em nosso sistema de trabalho, na Justiça, na Economia, na Política e nas demais instituições. Racismo cultural, ou modalidade cultural, que traz elementos do racismo individual e do institucional, manifesta-se nos valores, nas crenças, na religião, na língua, na música, na filosofia, na estética etc. Pierre André Taguieff, citado pela brilhante Marilena Chauí, ao escrever sobre o novo nacionalismo racista distingue três níveis de racismo – primário, secundário e terciário – de dois grandes tipos de racismo contemporâneo – universalista ou discriminatório, e comunitarista, ou diferencialista: Racismo primário é um fenómeno psicossocial, emocional ou passional, sem qualquer elaboração ou justificação; corresponde ao que chamo de mito. Há uma mitologia racista, que é um estado de espírito passional, irracional, que exprime medo e cólera, terror e ódio. O racismo secundário, que consiste no etnocentrismo, é um fenómeno psicossocial mais sofisticado. O racismo terciário é o que desenvolve justificativas científicas – no século XIX e início do século XX, a justificativa vinha da biologia e da genética; actualmente, vem da antropologia e da psicologia social. Curiosamente, esses três níveis de racismo têm como adversários argumentos anti-racistas, que na maioria das vezes são também racistas. Racismo comunitarista ou diferencialista… é o racismo contemporâneo que se apropriou dos pontos centrais do anti-racismo, isto é, que raça não é natureza, mas cultura ou etnia, e que todos temos o direito à diferença. Agora, afirma-se o carácter sagrado da comunidade, a identidade do grupo ou da nação, a obrigação de defender a integridade, a identidade e a especificidade da nação ou comunidade e, portanto, sua diferença. Cada comunidade - nação tem sua tradição, sua história, seus costumes, sua origem, sua língua, sua religião, sua sexualidade – essa diferença tanto pode ser genética e hereditária quanto puramente histórico-cultural, pois o importante não é a causa ou origem dessa diferença e sim sua existência visível (vejo a diferença da cor da pele, da textura da pele e do cabelo, dos gestos culinários, do modo de vestir, do formato dos olhos, dos deuses adorados, das formas de parentesco e de casamento, da música, da dança, da pintura, dos modos de pensar, a diferença é um facto). Ora, cada comunidade - nação (por ser tomada como mito e não como criação histórica) tem a sua verdade própria, milenar, tem na sua língua materna, os seus símbolos patrióticos, os seus costumes. Cada Estado - nação existe, desde sempre, como uma realidade cultural inquestionável. É obrigação de cada um deles manter as suas diferenças, as suas alteridades, as suas autenticidades. Portanto, somos contra a imigração, a migração, a mestiçagem, a mistura religiosa, a mistura nas artes, a importação de ideias, pois tudo isto retira de nossa comunidade nacional a sua vida verdadeira. Se os imigrantes, os migrantes, os negros, os índios, os judeus tiverem amor à sua diferença e à sua comunidade, serão os primeiros a concordar connosco. Como a cor da pele, como a origem, como a cultura, como a religião haverão de permanecer em sua pureza e integridade, se deixarmos as imigrações e as migrações acontecerem? Para o nosso bem e para o bem dos outros, respeitemos o direito democrático à diferença. Sem dúvida, somos desiguais e ninguém há de negar que alguns são superiores a outros, mas ninguém precisa de ser exterminado, desde que não venha contaminar a minha diferença. Os movimentos nacionalistas ganham a tonalidade do fundamentalismo religioso porque a religião é a mais pura e autêntica guardiã da raça – muçulmanos (e suas divisões), católicos ( e suas divisões), ortodoxos, judeus, budistas, cada religião exprime a nação e a raça, no mesmo momento em que o Estado nacional está desaparecendo”. Quer dizer, o racismo universalista, etnocêntrico, rumava para a escravatura e para o genocídio, efectivando a violência física, fundado nos valores mais caros à democracia nascida da Revolução Francesa: o indivíduo e a universalidade; enquanto o discurso racista comunitarista e/ou diferencialista é xenófobo e prefere formas legais de separação e exclusão, “para não ter que chegar à violência do genocídio”, fundado, por ironia histórica, nas duas principais armas que as minorias criaram para sua autodefesa anti-racista: a comunidade e a alteridade. O primeiro efectivou principalmente a violência física, trazendo o genocídio, e extermínio; enquanto e segundo, embora alcance o mesmo objectivo, age de maneira simbólica, incrivelmente disfarçada. Apesar de históricos e diferentes, todos os racismos, consoante os autores citados. Nazismo – Mesmo abominado e repreendido pela Comunidade Universal e com os seus crimes sentenciados e condenados pelo Tribunal Militar (TMI) de Nuremberg, o nazismo continua vivo, fundado sobretudo no chamado direito à diferença. É portanto inimigo da verdadeira democracia e não tolera qualquer iniciativa ou articulação política dos oprimidos, do chamado Terceiro Mundo. Está por isso ao lado da “nova ordem” mundial, imaginada e feita pelos homens do haver, que sonha, imagina e reproduz catástrofes, como um Estado Policial Económico e Militar da Terra, no qual só os mais ricos possam comandar e manipular os interesses dos mais pobres. Depois da “destruição” do Muro de Berlim, essa “nova ordem” está a construir um novo muro, invisível mas bastante palpável: o muro do racismo, da xenofobia e do neo-nazismo. Um muro da vergonha, que como um relógio digital está em todas as esquinas do mundo. Racismo ecológico ou ambiental – É a forma ou subespécie mais recente de discriminação – ecológica, racial, económica, política, social, tecnológica etc. – contra a “Mãe Terra”, os seus ecossistemas e, sobretudo, os povos mais pobres. Surge no contexto do fim da Guerra-fria e da nova concepção histórica do mundo ocidental, dirigido entre os ricos do Norte e os pobres do Sul. Decorre da nova divisão política do mundo, de acordo com a qual os valores mais caros à existência humana e à vida em geral dependem do respeito ao meio ambiente. A ecologia é a máxima deste novo tempo. Uma nova visão de mundo: 60% da população pobre, de maioria negra, vive em áreas ecologicamente vulneráveis do planeta: terras áridas ou pouco produtivas, topos de montanhas, pântanos, nos centros urbanos e suburbanos lugares inadequados para a construção de moradias no meio rural, onde dependem da natureza para sobreviver, são destruídos por modelos de desenvolvimento predatórios, baseados na busca do lucro a todo custo e na exploração desenfreada dos recursos naturais. Sionismo – Movimento nacionalista judaico, cujo propósito era fundar em Estado na Terra Santa, como pátria do povo judeu. Fundado em 1897, o sionismo alcançou seu principal objectivo político com a criação, em 1948, do Estado de Israel. Desde então, concentrou-se em proporcionar ajuda financeira a Israel, sustentando imigrantes judeus de todo o mundo que para lá se dirigiram e educando judeus da diáspora. Segundo o jornalista e jurista russo Vichinsky Mikhail Pavlovicht, o que justificava como instituição de efectivo estudo, defesa e resgate da cultura judaica foi transformado “numa doutrina oficial de arbitrariedade e aventuras militares incessantes dos círculos dirigentes de Israel no Próximo Oriente”. Além disso, o que dizer dos muitos anti-semitismos através da história? Recentemente, com a ajuda de alguns países, árabes e judeus assinaram um acordo de paz. Apartheid – Com a recente eleição de Nelson Mandela à presidência da África do Sul, o apartheid vira uma triste lembrança de uma variante moderna do nazismo, no que ele tinha e tem de mais abominável. Em língua holandesa e em sentido político ideológico, significa separação, ou anacrónica manutenção da supremacia de uma aristocracia branca, baseada numa rígida hierarquia de castas raciais, para as quais existe uma correlação directa entre a cor da pele e possibilidades de acesso aos direitos e ao poder social e político. Ainda, como o define mestre Aurélio, apartheid “é o sistema oficial de segregação racial praticada da África do Sul para proteger a minoria branca”. Suas raízes fazem parte do desenvolvimento histórico da sociedade sul-africana, com a chegada (1692) e a expansão dos europeus, que passaram a discriminar e eliminar as populações originais. A grosso modo, eram 25 milhões de negros segregados e dominados militar, cultural, económica e tecnologicamente por 5 milhões de brancos! Por quê? Porque o racismo foi transformado numa teoria – mesmo sem qualquer fundamento científico – que tentava preservar a unidade de uma raça, supostamente superior, numa nação. Nelson Mandela é, precisamente, o maior exemplo de resistência contra essa miséria imposta aos negros sul-africanos, repudiada pelo mundo. O racismo como fenómeno social Do ponto de vista racial, os grupos humanos actuais na sua maioria são produto de mistura e raças. A evolução das espécies incluindo a humana e o sexo facilitaram a mistura racial durante as eras. Afirmar que existe uma raça pura torna falso qualquer definição fundada em dados étnicos e genéticos estáveis. Portanto, quando se aplica ao ser humano o conceito de pureza biológica, o que acontece é uma confusão entre grupo biológico e grupo linguístico ou nacional. Surgimento do racismo AS RELAÇÕES raciais estão entranhadas na vida social de indivíduos, grupos e classes sociais. As desigualdades sociais manifestam-se frequentemente nas diferenças e nas intolerâncias, divididas à volta de etnias, assim como géneros e outras diversidades sociais como as religiosas e outras. Resumindo, a dinâmica das diversidades e das desigualdades continuam, e definitivamente as intolerâncias e preconceitos. A QUESTÃO RACIAL parece um desafio do presente, mas trata-se de um conflito muito antigo. Modifica-se ao acaso, das situações, das formas, de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, mas reafirma-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos, subordinados e dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, como funciona a sociedade, compreendendo a identidade e a alteridade, a diversidade e a desigualdade, a cooperação e a hierarquização, a dominação e a alienação. A história do mundo moderno é também a história da questão racial, um dos dilemas da modernidade. Ao lado de outros dilemas, também importantes, como as guerras religiosas, as desigualdades masculino – feminino, as contradições de classes sociais, a questão racial revela-se um desafio constante, tanto para indivíduos e colectividades como para cientistas sociais, filósofos e artistas. Uns e outros, com frequência, são desafiados a viver situações e/ou interpretá-las, sem alcançar sua explicação ou mesmo resolvê-las. São muitas e recorrentes as tensões e contradições em termos de preconceitos, xenofobias, etnicismos e racismos; multiplicadas ou somadas no decorrer dos anos, décadas e séculos, nos diferentes países. Em certa medida, o debate sobre "choque de civilizações" implica xenofobia, etnicismo e racismo. Ao organizar as "civilizações", organizando também povos, nações, nacionalidades e etnias, é evidente que se promove a classificação, entre positiva, negativa, neutra ou indefinida, de uns e de outros. Quando se classifica as "civilizações contemporâneas" em chinesa, japonesa, hindu, islâmica, ocidental e latino-americana, está, simultaneamente, a estabelecer-se alguma relação entre etnia, ou raça, e cultura, ou civilização; uma relação cientificamente insustentável. É assim que o mundo ingressa no século XXI, debatendo-se com a questão racial, tanto quanto com a intolerância religiosa, a contradição natureza e sociedade, as hierarquias masculino – feminino, as tensões e lutas de classes. São dilemas que se desenvolvem com a modernidade, demonstrando que o "desencantamento do mundo" como metáfora do esclarecimento e da emancipação, continua a ser desafiada por preconceitos e superstições, intolerâncias e racismos, irracionalismos, interesses e ideologias. ÄMais uma vez, no início do século XXI, muitos se dão conta de que está novamente em curso um vasto processo de racionalização do mundo. O que ocorreu em outras épocas, a começar pelo ciclo das grandes navegações, descobrimentos, conquistas e colonizações, torna a acontecer no início do século XXI, quando indivíduos e colectividades, povos e nações, incluindo nacionalidades, são levados a dar-se conta de que se definem, também ou mesmo principalmente, pelos traços característicos. Sim, no século XXI continuam a desenvolver-se operações de "limpeza étnica", praticadas em diferentes países e colónias, incluindo países do "primeiro - mundo"; uma prática "oficializada" pelo nazismo nos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), atingiu judeus, ciganos, comunistas e outros, em nome da "civilização ocidental", colonizando, combatendo ou mutilando outras "civilizações", outros povos ou etnias. A guerra de conquista travada pelas elites governantes e classes dominantes norte-americanas, em 2002 no Afeganistão, e em 2003 no Iraque, pode perfeitamente fazer parte da longa guerra de conquistas travadas em várias partes do mundo, desde o início dos tempos modernos, como exigências da "missão civilizatória" do Ocidente, como "fardo do homem branco" , como técnicas de expansão do capitalismo, visto como processo de produção e processo civilizatório. Cabe reflectir, portanto, sobre o enigma ou os enigmas escondidos na questão racial, como sucessão e multiplicação de xenofobias, etnicismos, intolerâncias, preconceitos, racismos e ideologias raciais, desde o início dos tempos modernos, em todo o mundo. A raça, a racionalização e o racismo são produzidos na mudança das relações sociais, compreendendo as suas implicações políticas, económicas, culturais. É a forma das relações sociais que promove a transformação da etnia em raça. A "raça" não é uma condição biológica como a etnia, mas uma condição social, psicossocial e cultural, criada, reintegrada desenvolvida nas relações sociais, envolvendo jogos de forças sociais e progressos de dominação e apropriação. Racionalizar uns e outros, pela classificação e hierarquização, revela-se inclusive uma técnica política, garantindo a articulação do sistema em que se fundam as estruturas de poder. Racializar ou estigmatizar o "outro" ou os "outros" é também politizar as relações quotidianas, recorrentes, em locais de trabalho, estudo e entretenimento; bloqueando relações, possibilidades de participação, inibindo aspirações, mutilando praxis humana, acentuando a alienação de uns e outros, indivíduos e colectividades. Sob todos os aspectos, a "raça" é sempre "racionalização", trama de relações no contraponto e nas tensões "identidade", "alteridade", "diversidade", compreendendo integração e fragmentação, hierarquização e alienação. Um segredo da constituição da "raça", como categoria social, está na acentuação de alguma característica ou traço. Característica ou marca hereditária por parte de uns e de outros, nas relações sociais. Simultaneamente, na medida em que o indivíduo em causa, pode ser negro, índio, árabe, judeu, chinês, japonês, hindu, angolano, paraguaio ou porto-riquenho, está em relação com outros, aos poucos é identificado, classificado, hierarquizado, priorado ou subalternizado. Mesmo porque uns e outros, indivíduos, grupos, famílias e colectividades estão inseridos em processos de cooperação, divisão social do trabalho social, hierarquização, dominação e alienação, e transformação da marca em estigma, o que se manifesta na xenofobia, etnicismo, preconceito, segregação racismo. Aos poucos, o traço, a característica ou a marca fenotípica transforma-se em estigma. Estigma esse que se insere e se impregna nos comportamentos e subjectividades, formas de sociabilidade e jogos de forças sociais, como se fosse "natural", dado, inquestionável, reiterando-se recorrentemente em diferentes níveis das relações sociais, desde a vizinhança aos locais de trabalho, da escola à igreja, do entretenimento ao desporto, das actividades lúdicas às estruturas de poder. Note-se que o estigma não atinge apenas aqueles que pertencem a "outras" etnias, já que atinge também a mulher, o operário, o camponês, os adeptos de outras religiões, o comunista. Trata-se de elaboração psicossocial e cultural com a qual a "marca" transforma-se em "estigma", expresso em algum signo, emblema, estereótipo, com o qual se assinala, demarca, descreve, qualifica, desqualifica, delimita ou subordina o "outro" , indivíduo ou colectivo. Este é um aspecto fundamental da ideologia racial: o estigmatizado, aberta ou disfarçadamente, é levado a ver-se e a movimentar-se como estigmatizado, estranho, exótico, estrangeiro, alheio ao "nós", ameaça; a despeito de saber que se trata de uma mentira. Precisa elaborar e desenvolver a sua autoconsciência crítica, tomando em conta o estigma e o estigmatizador, o intolerante e a condição de subalternidade em que se encontra. É evidente que a personalidade, a sensibilidade e a subjectividade do racista desempenha um papel importante ou mesmo decisivo no enredo das relações e das formas de sociabilidade. Na sociedade de hoje, a individualização e o individualismo, a competição e o êxito pessoal, o status socio-económico e a classificação social, formam-se personalidades democráticas e autoritárias, tanto quanto estóicas e apáticas, egoístas e altruístas, neuróticas e psicóticas. Sendo que esses traços, ou estruturas de personalidade, às vezes exercem um papel decisivo no modo pelo qual o indivíduo em causa se relaciona com o "outro" ou os "outros", tomados como estranhos, exóticos, diferentes, irreconhecíveis. Conforme sugerem Adorno, Sartre e outros, o intolerante, preconceituoso ou racista, inventa o objecto da sua intolerância, ódio, agressão, podendo ser negro, árabe, judeu. Sem esquecer que aquele que marginalizado ou estigmatizado desenvolve uma consciência social singularmente sensível, fina ou incomoda; traduzindo-se geralmente em mais lucidez, maior discernimento. Ä A ideologia racial dos que discriminam, dos que mandam, os quais podem ser "brancos" ou outros, sintetiza e dinamiza a intolerância, a xenofobia, o etnocismo, o preconceito ou o racismo. É a ideologia racial que articula e desenvolve a gama de manifestações, signos, símbolos ou emblemas com os quais indivíduos e colectividades "explicam", "justificam", "racionalizam" ou "naturalizam desigualdades, tensões e conflitos raciais. O racista fundamenta em argumentos que parecem consistentes e convincentes a sua "taxionomia" e "hierarquização", distinguindo, delimitando, segregando ou estranhando o "outro": negro, árabe, judeu, índio chinês, oriental e assim por diante. São estereótipos, signos, símbolos mobilizados ao acaso das situações elaboradas no decorrer dos anos, décadas, séculos, com os quais o "branco", "europeu", "ariano", "norte-americano", "ocidental" explica, legitima, racionaliza ou naturaliza a sua posição e perspectiva privilegiadas, de controle de instrumentos de poder. Nesse sentido é que essa ideologia é uma técnica de estigmatização recorrente, reiterada em diferentes fórmulas e verbalizações, desenvolvendo a transformação da marca em estigma. Sob vários aspectos, essa ideologia racial é transmitida por gerações e gerações, através dos meios de comunicação, da indústria cultural, envolvendo também sistema de ensino, instituições religiosas e partidos políticos; e continuam a ter, uma componente fundamental da cultura da era moderna. Esse o contexto em que formula, cria ou engendra "o mito da democracia racial", significando que a sociedade portuguesa seria uma democracia racial, sem ser uma democracia política e, muito menos, uma democracia social. É claro que essa expressão dissimula uma sofisticada forma de racismo patriarcal, patrimonial e elaborada. Mais do que isso, pode ser uma cruel mistificação da desigualdade, da intolerância, do preconceito, do etnicismo ou do racismo, como "argamassas" da ordem social vigente, da lei e da ordem. "Cruel" porque implica neutralizar eventuais reacções ou protestos, reivindicações ou lutas dos estigmatizados, definidos de antemão como participantes tolerados da "comunidade nacional". É óbvio que o discriminado, o segregado, o estigmatizado, definido como "estranho", "desconhecido", "não confiável" elabora a sua contra ideologia, ideologia de protesto, indignação, reivindicação, emancipação. Simultaneamente à estigmatização, elabora criticamente a própria situação e a do "outro", geralmente mas não sempre "branco", administrador, capataz, conquistador, colonizador, membro de sectores sociais dominantes, os quais se imaginam "superiores", "civilizadores". É assim que o estigmatizado elabora e reelabora a sua identidade: em contraste com a alteridade, na dinâmica das relações, processos e estruturas hierarquizadas, desiguais, com as quais os que mandam ou desmandam empenham-se em preservar "a lei e a ordem". Nesse percurso atravessado por vivências, o estigmatizado desenvolve a sua percepção, sensibilidade e compreensão, construindo e reconstruindo a sua consciência no contraponto do "eu" e do "outro", do "nós" e do "eles", dos "subalternos", dos "dominantes". Assim, aos poucos, ou de repente, realiza um entendimento mais amplo e vivo de qual é a sua real situação, quais são os nexos do tecido social no qual está emaranhado, de como essa sua situação implica decisivamente a ideologia e a prática dos que discriminam. Esse o percurso em que se desenvolve a consciência crítica, a autoconsciência ou a consciência para si, reconhecendo que é desde essa autoconsciência crítica que nasce a transformação, a ruptura ou a transfiguração. No limite, a questão racial, em todas as suas implicações sociais, políticas, económicas, culturais, ideológicas, pode ser vista como uma expressão e um desenvolvimento fundamentais do que tem sido a dialéctica escravo e senhor no curso da história do mundo moderno. Constitui um ângulo particularmente crucial e fecundo do que têm sido os diferentes desenvolvimentos da sociedade moderna, burguesa, capitalista; visto o capitalismo como um modo de produção e processo de civilização, mas histórico e, portanto, transitório. O que já se esboçava no século XVI com a polémica entre Bartolomeu de Las Casas e Juan Ginés de Sepúlveda, a propósito dos povos e civilizações do Novo Mundo, desenvolve-se, aprofunda-se e generaliza-se no curso dos séculos seguintes, à medida que se formam e se transformam as castas e as classes sociais. Daí a excepcional clareza, argúcia e contundência da famosa frase, com a qual Caliban anuncia a sua revolta contra Próspero: "Foi bom que me tivesse ensinado a sua língua, agora já sei como amaldiçoá-lo". Assim nasce a rebeldia do colonizado contra o colonizador, do subalterno contra o conquistador; um primeiro momento da consciência crítica, da auto consciência para si; dialéctica essa que ressoa e desenvolve-se em escritos de Rousseau, Hegel, Marx, Engels, Gramsci, Fanon e muitos outros, em todos os continentes, ilhas e arquipélagos. "O problema do século XX", disse o famoso líder negro americano William E. Bughardt Du Bois, em 1900, "é o problema da barreira de cor, a relação das raças mais escuras com as mais claras, dos homens na Ásia e da África. Foi uma notável profecia. A história do século actual foi marcada, simultaneamente, pelo impacto do Ocidente da Ásia e África e pela revolta da Ásia e da África contra o Ocidente... A longo prazo... dois factores foram fundamentais... O primeiro factor foi a assimilação por asiáticos e africanos das ideias, técnicas e instituições ocidentais, que podiam ser aproveitadas contra as potências ocupantes, um processo em que eles demonstraram ser mais aptos que a maioria dos europeus tinha previsto. O segundo foi a vitalidade e a capacidade de auto-renovação de sociedades que os europeus tinham, com excessiva facilidade, considerado estagnadas, decrépitas ou moribundas". A dialéctica do escravo e do senhor pode ser tomada como uma das mais importantes alegorias do mundo moderno, fundamental na filosofia, ciências sociais e artes. Está presente em distintos círculos sociais, envolvendo tanto etnias e raças, como a mulher e o homem, o jovem e o adulto, o operário e o burguês, o árabe e o judeu, o ocidental e o oriental, o norte-americano e o latino-americano, os sul-africanos e os bôers ou afriksners; diferentes colectividades, grupos sociais, classes sociais e nacionalidades; todos se relacionando, integrando-se e tencionando-se nos jogos das forças sociais. Esta é a dialéctica das relações sociais, nas quais se inserem as relações raciais: o indivíduo, tomado no singular ou colectivamente, forma-se, conforma-se e transforma-se na trama das relações sociais, formas de sociabilidade, jogos de forças sociais. São várias, mutáveis e contraditórias as determinações que constituem o indivíduo, no singular e colectivamente, o que pode transformá-lo e transformá-los; daí constituindo-se o "negro", o "branco", o "árabe", o "judeu", o "hindu", o "mexicano", o "paraguaio", o "senegalês", o "angolano", tanto como o "operário", o "camponês", o "latifundiário", o "burguês"; tanto como a "mulher", o "homem"; todos e cada um visto como criados e recriados, modificados e transfigurados nas relações sociais, das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais; envolvendo sempre processos socioculturais e político-económicos, desdobrando-se em teorias, doutrinas e ideologias. Assim se dá a metamorfose do indivíduo "em geral", indeterminado, em indivíduo "em particular", determinado, concretizado por várias, distintas e contraditórias determinações. Esse o clima em que germina o "eu" e o "outro", o "nós" e o "eles", compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, divisão do trabalho social e alienação, lutas sociais e emancipação. Esta é, em síntese, uma ideia, hipótese ou interpretação, com o qual todos se defrontam quotidianamente, ou de quando em quando: a sociedade moderna, burguesa, capitalista, fabrica contínua e reiteradamente a questão racial, assim como as desigualdades masculino – feminino, o contraponto natureza e sociedade e as contradições de classes sociais, além de outros problemas com implicações práticas e teóricas. São enigmas que nascem e se desenvolvem com a modernidade, por dentro e por fora do "desencantamento do mundo". A despeito de inegáveis conquistas sociais realizadas no curso dos tempos modernos, esses e outros enigmas se criam e se recriam, se desenvolvem e se transfiguram em diferentes círculos de relações sociais, não em sociedades nacionais, como também na sociedade mundial. De par em par com a globalização da questão social, desenvolve-se e intensifica-se mais um ciclo de racionalização do mundo, assim como de transnacionalização de movimentos sociais de todos os tipos, envolvendo feministas, reivindicações étnicas, tensões e lutas religiosas implicadas na geopolítica do terrorismo e crescente consciência de que o próprio planeta Terra está ameaçado. Mas é possível imaginar que esses problemas ou enigmas podem ser causas de outras formas de sociabilidade, outros jogos das forças sociais, outro tipo de sociedade, outro modo de produção e processo civilizatório, com os quais se põe em causa a ordem social burguesa prevalecente, revelando-se a sua incapacidade e impossibilidade de resolvê-los, reduzi-los ou eliminá-los. As ciências sociais estão sendo desafiadas a pensar a globalização do mundo. No fim do século XX, quando se anuncia o XXI, elas se defrontam com os dilemas que se abrem com a globalização das coisas, gentes e idéias. Há processos e estruturas sociais, económicos, políticos, culturais e outros que apenas começam a ser estudados. Além do que é local, nacional e regional, colocam-se problemas novos e fundamentais com a emergência da sociedade global. As fronteiras geográficas e históricas, culturais e civilizatória parecem modificar-se em direcções e formas surpreendentes. Indivíduo, grupo, classe, colectividade e povo são colocados diante de outros horizontes. O próprio pensamento científico é desafiado a elaborar conceitos e interpretações para dar conta de realidades pouco conhecidas. As teorias da globalização, que começam a ser esboçadas, revelam o empenho das ciências sociais em explicar o que há de novo no que vai pelo mundo. Apresentamos agora um vídeo do gato fedorento mostrando -nos o racismo como fenómeno social mas em tom leve: http://youtu.be/r-qQgwGkQcA

quarta-feira, 14 de março de 2012

Atenção

a postagem ficou invertida mas é o resumo prometido.
Prof.Dioni




Imagem do Google mapas


Beringia – entre 15 a 13000 a.C

Durante as últimas glaciações, com a recessão da água dos oceanos, a área do estreito transformou-se numa ponte natural entre a Ásia e as Américas, denominada atualmente Ponte Terrestre de Bering, por onde poderiam ter chegado à América os povos que primeiro a colonizaram (ver Arqueologia das Américas).

Tanto o Estreito de Bering, como o Mar Chukchi a norte e o Mar de Bering a sul, são mares de pequenas profundidades e durante as glaciações a água do mar concentra-se nas calotas polares e nas geleiras, fazendo baixar o nível do mar e expondo os fundos marinhos de pequenas profundidades. Outras pontes terrestres se formaram e desapareceram nos períodos interglaciais: há 14 mil anos a Austrália esteve unida à Nova Guiné e à Tasmânia e as Ilhas Britânicas estiveram ligadas à Europa.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Estreito_de_Bering

· O congelamento da região de Beringia propiciou a travessia tanto da Mega fauna quanto dos seres humanos para a América que acompanhavam a migração dos animais pois deles eram dependentes.

· A 13 mil anos estes animais começaram a diminuir junto com o aquecimento global o que levou ao surgimento de animais de porte menor como o bisão americano. Além disto o degelo levou ao fim os longos invernos o que provocou perda dos alimentos que ficavam armazenados no chão em buracos.

· Dão início a pesca.

· Desenvolveram a agulha de osso e passaram a utilizar roupas costuradas.

Ataque a Mamute

Origem: Wikepédia, enciclopédia livre.


O Caminho Para a América

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Paleoindio Os paleoamericanos ou paleoameríndios é um termo utilizado para designar os primeiros povos que entraram e, posteriormente, habitaram, o continente americano durante os últimos episódios glaciais do período Pleistoceno tardio.

· O povo de Clóvis;

· Faziam trocas;

· Faziam roupas de couro de animais costuradas com agulha de osso;

· Utilizavam enfeites;

· Atacavam grandes grupos de animais e armazenavam a carne do bisão;

· Faziam cerimônias e danças rituais antes da caçada.


Mega Fauna

Caçada ao Bisão


Pontas de flecha e de lança do perído Clóvis



Bibliografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paleo%C3%ADndios#cite_note-0

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paleol%C3%ADtico